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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Fundamental

Módulo III — Deus

Roteiro 1


Existência de Deus


Objetivo Geral: Apresentar Deus como a inteligência suprema e a causa primeira de todas as coisas.

Objetivos Específicos: Explicar a necessidade da crença em Deus para o homem. — Conceituar Deus à luz da Doutrina Espírita.



CONTEÚDO BÁSICO


  • A ideia de Deus […] se afirma e se impõe, fora e acima de todos os sistemas, de todas as filosofias, de todas as crenças. Léon Denis: O Grande Enigma. Capítulo 5.

  • A necessidade da crença em Deus está, instintivamente, alojada na mente humana, e decorre do axioma científico de que não há efeito sem causa. Foi por este motivo que Kardec perguntou aos Espíritos Superiores: — “Que dedução se pode tirar do sentimento instintivo, que todos os homens trazem em si, da existência de Deus?” A resposta foi a seguinte: — “A de que Deus existe; pois, donde lhes viria esse sentimento, se não tivesse uma base? É ainda uma consequência do princípio — não há efeito sem causa.” Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 5.

  • Deus é a inteligência suprema, causa primária de todas as coisas. Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, questão 1.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Iniciar a aula, apresentando o assunto e os objetivos conforme consta deste roteiro.

  • Dividir a turma em duplas, solicitando aos integrantes que expliquem, um ao outro, a sua ideia a respeito da crença em Deus.


Desenvolvimento:

  • Ouvir as respostas das duplas comentando-as ligeiramente.

  • Explicar que a crença em Deus sempre presente no homem, desde a sua origem, expressa-se, entretanto, de acordo com a experiência evolutiva de cada um.

  • Em sequência, dividir a turma em pequenos grupos e pedir que realizem a seguinte tarefa:

    1. Ler os Subsídios do roteiro;

    2. Analisar as consequências da ideia de Deus para a Humanidade, tendo como base a leitura realizada;

    3. Emitir um conceito de Deus, utilizando as próprias palavras;

    4. Escrever o conceito num cartaz, a ser, posteriormente, afixado na parede da sala de aula.

  • Ouvir a leitura dos cartazes, prestando os esclarecimentos que se fizerem necessários.


Conclusão:

  • Ao término, fazer uma síntese do assunto estudado, salientando a importância da crença em Deus e emitindo um conceito espírita de Deus.


Avaliação:

  • O Estudo será considerado satisfatório se os participantes explicarem corretamente a necessidade da crença em Deus para o homem, emitindo um conceito de Deus segundo o estudo realizado.


Técnica(s):

  • Estudo em duplas; trabalho em pequenos grupos; exposição.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; papel pardo / cartolina; lápis e papel.



 

SUBSÍDIOS


O homem que desconhece Deus e não quer saber que forças, que recursos, que socorros d’Ele promanam, esse é comparável a um indigente que habita ao lado de palácios, cheios de tesouros, e se arrisca a morrer de miséria diante da porta que lhe está aberta e pela qual tudo o convida a entrar. (11)

A crença em Deus […] se afirma e se impõe, fora e acima de todos os sistemas, de todas as filosofias, de todas as crenças. (4) O homem […] não se pode desinteressar dela porque o homem é um ser [pensante]. O homem vive, e importa-lhe saber qual é a fonte, qual é a causa, qual é a lei da vida. A opinião que tem sobre a causa, sobre a lei do Universo, essa opinião, quer ele queira ou não, quer saiba ou não, se reflete em seus atos, em toda a sua vida pública ou particular. (7)

A questão de Deus é o mais grave de todos os problemas suspensos sobre nossas cabeças e cuja solução se liga, de maneira restrita, imperiosa, ao problema do ser humano e de seu destino, ao problema da vida individual e da vida social. (4)

O conhecimento da verdade sobre Deus, sobre o mundo e a vida é o que há de mais essencial, de mais necessário, porque é Ele que nos sustenta, nos inspira e nos dirige, mesmo à nossa revelia. (5)

A crença em Deus está instintivamente alojada na mente humana. À medida que o homem evolui apura-se também a crença em Deus. Dessa forma, como nos ensinam os Espíritos Superiores, o sentimento instintivo de crer em Deus nos prova que Deus existe. É também […] uma consequência do princípio-não há efeito sem causa. (2)

Poder-se-ia argumentar que a crença em Deus resulta da educação recebida, consequência das ideias adquiridas. Entretanto, esclarecem os Espíritos da Codificação, se […] assim fosse porque existiria nos vossos selvagens esse sentimento? (3)

Opinando a respeito, Kardec nos elucida: Se o sentimento da existência de um ser supremo fosse tão somente produto de um ensino, não seria universal e não existiria senão nos que houvessem podido receber esse ensino, conforme se dá com as noções científicas. (3)

Deus nos fala por todas as vozes do Infinito. E fala, não em uma Bíblia escrita há séculos, mas em uma bíblia que se escreve todos os dias, com estes característicos majestosos, que se chamam oceanos, montanhas e astros do céu; por todas as harmonias, doces e graves, que sobem do imo da Terra ou descem dos espaços etéreos. Fala ainda no santuário do ser, nas horas de silêncio e de meditação. Quando os ruídos discordantes da vida material se calam, então a voz interior, a grande voz desperta e se faz ouvir. Essa voz sai da profundeza da consciência e nos fala dos deveres, do progresso, da ascensão da criatura. Há em nós uma espécie de retiro íntimo, uma fonte profunda de onde podem jorrar ondas de vida, de amor, de virtude, de luz. Ali se manifesta esse reflexo, esse gérmen divino, escondido em toda Alma humana. (9)

A história da ideia de Deus mostra-nos que ela sempre foi relativa ao grau intelectual dos povos e de seus legisladores, correspondendo aos movimentos civilizadores, à poesia dos climas, às raças, à florescência de diferentes povos; enfim, aos progressos espirituais da Humanidade. Descendo pelo curso dos tempos, assistimos sucessivamente aos desfalecimentos e tergiversações dessa ideia imperecível, que, às vezes fulgurante e outras vezes eclipsada, pode, todavia, ser identificada sempre, nos fastos da Humanidade. (13) Liga-se […] estreitamente à ideia de Lei, e assim à de dever e de sacrifício. Eis porque, logo que a ideia de Deus se enfraquece, todas essas noções se debilitam; desaparecem, pouco a pouco, para dar lugar ao personalismo, à presunção, ao ódio por toda autoridade, por toda direção, por toda lei superior. (10)

Diremos, pois, que desconhecer, desprezara crença em Deus e a comunhão do pensamento que a Ele se liga […] seria, ao mesmo tempo, desconhecer o que há de maior, e desprezar as potências interiores que fazem a nossa verdadeira riqueza. Seria calcar aos pés nossa própria felicidade, tudo que pode fazer nossa elevação, nossa glória, nossa ventura. (11)

A ideia de Deus impõe-se por todas as faculdades do nosso Espírito, ao mesmo tempo que nos fala aos nossos olhos os esplendores do Universo. A inteligência suprema revela a causa eterna, na qual todos os seres vêm haurir a força, a luz e a vida. Aí está o Espírito Divino, o Espírito Potente, que se venera sob tantas denominações; mas, sob todos esses nomes, é sempre o centro, a lei viva, a razão pela qual os seres e os mundos se sentem viver, se conhecem, se renovam e elevam. (8)

Viver sem a crença em um ser superior é negar a obra da Criação; é omitir o evidente, o real; é alimentar o nosso orgulho; é permanecer no estado de ignorância em que ainda nos encontramos, é, em suma, negar a realidade que está ao alcance de todos, pois tudo no Universo, o visível e o invisível, e, principalmente, a nossa consciência, nos fala de um Ser superior.

A crença em Deus é, além disso, questão essencial para o entendimento da Doutrina Espírita. Entretanto, para elucidar esse assunto de tão magna importância, […] temos agora recursos mais elevados que os do pensamento humano; temos o ensino daqueles que deixaram a Terra, a apreciação das Almas que, tendo franqueado o túmulo, nos fazem ouvir, do fundo do mundo invisível, seus conselhos, seus apelos, suas exortações, Verdade é que nem todos os Espíritos são igualmente aptos a tratar dessas questões. […] Nem todos estão igualmente desenvolvidos; não chegaram todos ao mesmo grau de evolução. […] Acima, porém, da multidão das Almas obscuras, ignorantes, atrasadas, há Espíritos eminentes, descidos das esferas [superiores] para esclarecer e guiar a Humanidade. Ora, que dizem esses Espíritos sobre a questão de Deus? A existência da Potência Suprema é afirmada por todos os Espíritos elevados. (6) Todos […] aqueles cujos ensinamentos têm reconfortado as nossas almas, mitigado nossas misérias, sustentado nossos desfalecimentos, são unânimes em afirmar, em repetir, em reconhecer a alta Inteligência que governa os seres e os mundos.

Eles dizem que essa Inteligência se revela mais brilhante e mais sublime à medida que se escalam os degraus da vida espiritual. (6)

Assim, nos esclarecem os Espíritos Superiores na primeira questão de O Livro dos Espíritos:

Que é Deus?

Deus é a inteligência suprema, causa primária [primeira] de todas as coisas. (1)

Afirmando a existência de uma causa primeira no Universo, os Espíritos Superiores trazem, dessa forma, um novo conceito de Deus para a Humanidade, oposto à ideia de um deus antropomórfico, parcial e vingador, apresentado pelas religiões de um modo geral.

Pode-se levar mais longe do que temos feito a definição de Deus? Definir é limitar. Em face deste grande problema, a fraqueza humana aparece. Deus impõe-se ao nosso espírito, porém escapa a toda análise. O Ser que enche o tempo e o espaço não será jamais medido por seres limitados pelo tempo e pelo espaço. Querer definir Deus seria circunscrevê-lo e quase negá-lo […].

Para resumir, tanto quanto podemos, tudo o que pensamos referente a Deus, diremos que Ele é a Vida, a Razão, a Consciência em sua plenitude. É a causa eternamente operante de tudo o que existe. É a comunhão universal onde cada ser vai sorvera existência, a fim de em seguida, concorrer na medida de suas faculdades crescentes e de sua elevação, para a harmonia do conjunto. (12)



Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Guillon Ribeiro. 86. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Questão 1, p. 51.

2. Idem - Questão 5, p. 52.

3. Id. - Questão 6, p. 52.

4. DENIS, Léon. O Grande Enigma. 14. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Primeira parte. Capítulo 5, p. 69.

5. Idem, ibidem - p. 70.

6. Idem, ibidem - p. 70-71.

7. Idem, ibidem - p. 72.

8. Idem, ibidem - p. 82.

9. Id. - Capítulo 6 (As leis universais), p. 82-83.

10. Id. - Capítulo 7 (A ideia de Deus e a experimentação psíquica), p. 95.

11. Id. - Capítulo 8 (Ação de Deus no mundo e na História), p. 98.

12. Idem - Depois da Morte. Tradução de João Lourenço de Souza. 25. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Parte Segunda, Capítulo 9 (O universo e Deus), p. 121-122.

13. FLAMMARION, Camille. Deus na Natureza. Tradução de Manuel Quintão. 7. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2002. Tomo 5 (Deus), p. 385.


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