O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

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ESDE — Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita — Programa Complementar

Módulo IX — Movimento Espírita e Unificação

Roteiro 3


O trabalho federativo ou de unificação do Movimento Espírita: conceito, diretrizes e estrutura


Objetivos Gerais: Apresentar visão geral do Movimento Espírita e da Unificação. — O trabalho federativo ou de unificação do Movimento Espírita: conceito, diretrizes e estrutura.

Objetivos Específicos: Conceituar trabalho federativo ou de unificação do Movimento Espírita. — Identificar as suas diretrizes. — Explicar como se estrutura esse trabalho.



CONTEÚDO BÁSICO


  • Trabalho federativo ou de unificação do Movimento Espírita é uma atividade-meio que tem por objetivo fortalecer, facilitar, ampliar e aprimorara ação do Movimento Espírita em sua atividade-fim, que é a de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita. Decorre da união fraterna, solidária, voluntária, consciente e operacional dos espíritas e das Instituições Espíritas, através da permuta de informações e experiências, da ajuda recíproca e do trabalho em conjunto. FEB/CEI, Divulgue o Espiritismo, uma Nova Era para a Humanidade, p. 5.

  • Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã. Allan Kardec: O Livro dos Médiuns. Capítulo XXIX, item 334.

  • O Espiritismo é uma questão de fundo; prender se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto. Daí vem que os centros que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo. Allan Kardec: Obras Póstumas. Segunda parte. Constituição do Espiritismo, item VI.

  • Estrutura-se [o trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita] através da união dos Grupos, Centros ou Sociedades que, preservando a sua autonomia e liberdade de ação, conjugam esforços e somam experiências, objetivando o permanente fortalecimento e aprimoramento das suas atividades e do Movimento Espírita em geral. Os Grupos Centros ou Sociedades Espíritas, unindo-se, constituem as Entidades e Órgãos federativos ou de unificação do Movimento Espírita em nível local, regional, estadual ou nacional. As Entidades e Órgãos federativos e de unificação do Movimento Espírita, em nível nacional, constituem a Entidade de unificação do Movimento Espírita em nível mundial — o Conselho Espírita Internacional. FEB/CEI, Divulgue o Espiritismo, uma Nova Era para a Humanidade, p. 5.




SUGESTÕES DIDÁTICAS


Introdução:

  • Iniciar o estudo apresentando o assunto e os objetivos específicos do roteiro.

  • Em seguida, fazer exposição a respeito do contido no item 1 dos Subsídios, esclarecendo possíveis dúvidas sobre a matéria.


Desenvolvimento:

  • Dividir os participantes em 4 grupos, para realização das seguintes tarefas:

    Grupo I:

    a) ler o item 2 dos Subsídios;

    b) trocar ideias sobre o conteúdo lido;

    c) fazer resumo por escrito das diretrizes do trabalho de unificação definidas por Kardec, conforme consta do referido item, primeiro parágrafo.

    Grupo II:

    a) ler o item 2 dos Subsídios;

    b) trocar ideias sobre o conteúdo lido;

    c) identificar e listar os principais pontos das diretrizes atuais do trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita.

    Grupo III:

    a) ler o item 3 dos Subsídios;

    b) trocar ideias sobre o conteúdo lido;

    c) colocar em forma de organograma a estrutura do trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita.

    Grupos IV:

    a) ler o item 3 dos Subsídios;

    b) trocar ideias sobre o conteúdo lido;

    c) fazer resumo por escrito dos marcos históricos aí descritos.

  • Observação: Colocar à disposição dos grupos folhas de papel pardo/cartolina; canetas hidrográficas; papel; lápis/canetas, para serem usados de acordo com as suas tarefas específicas.

  • Solicitar aos representantes dos grupos que façam a apresentação dos trabalhos realizados.

  • Observar as apresentações, anotando eventuais pontos a serem esclarecidos.

  • Fazer a integração do assunto, com base nos objetivos do roteiro, enfocando, em especial, os seguintes aspectos:

    a) comparação entre as diretrizes do trabalho de unificação definidas por Kardec e as atuais, que norteiam o Movimento Espírita;

    b) comparação da estrutura atual do trabalho federativo e de unificação com as ideias de Kardec a respeito da comissão central;

    c) importância dos fatos históricos, contidos nos Subsídios, para o trabalho de unificação do Movimento Espírita.

  • Dar oportunidade aos participantes para fazerem perguntas, a fim de que as eventuais dúvidas sejam dirimidas.


Conclusão:

  • Concluir o estudo, pedindo a um dos participantes que leia, em voz alta, para reflexão de todos, trecho da mensagem do Espírito de Verdade, intitulada Os obreiros do Senhor, conforme consta do anexo.

  • Observação: Veja no anexo ao presente Módulo:

    1. Mensagens mediúnicas;

    2. Diretrizes da Dinamização das Atividades Espíritas;

    3. Outras referências.


Avaliação:

  • O estudo será considerado satisfatório, se os participantes demonstrarem, pela participação nas atividades realizadas durante o seu desenvolvimento, compreensão do conceito, das diretrizes e da estrutura do trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita.


Técnica(s):

  • Exposição; trabalho em pequenos grupos.


Recurso(s):

  • Subsídios do roteiro; folha de papel pardo/cartolina; canetas hidrográficas; papel; lápis/canetas.



 

SUBSÍDIOS


O TRABALHO FEDERATIVO OU DE UNIFICAÇÃO DO MOVIMENTO ESPÍRITA

1. Conceito

O trabalho federativo ou de unificação do Movimento Espírita […] é uma atividade-meio que tem por objetivo fortalecer, facilitar, ampliar e aprimorar a ação do Movimento Espírita em sua atividade-fim, que é a de promover o estudo, a difusão e a prática da Doutrina Espírita. Decorre da união fraterna, solidária, voluntária, consciente e operacional dos espíritas e das Instituições Espíritas, através da permuta de informações e experiências, da ajuda recíproca e do trabalho em conjunto. É fundamental para o fortalecimento, o aprimoramento e o crescimento das Instituições Espíritas e para a correção de eventuais desvios da adequada prática doutrinária e administrativa. (5) Esse trabalho se desenvolve através de […] um permanente contato com os Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas, promovendo a sua união e integração e colocando à disposição dos mesmos, sugestões, experiências, trabalhos e programas de apoio de que necessitem para suas atividades. Realiza reuniões, encontros, cursos, confraternizações e outros eventos destinados a dirigentes e trabalhadores espíritas, para a renovação e atualização de conhecimentos doutrinários e administrativos, visando o aprimoramento e a ampliação das atividades das Instituições Espíritas e a abertura de novas frentes de ação e de trabalho. (5) Realiza, ainda, […] eventos destinados ao grande público, para a divulgação da Doutrina Espírita, a fim de que o Espiritismo seja cada vez mais conhecido e melhor praticado. (5)


2. Diretrizes

As diretrizes do trabalho de unificação do Movimento Espírita encontram-se claramente definidas nos escritos de Allan Kardec desde os primórdios do Espiritismo. Assim, diz o Codificador: O Espiritismo, que apenas acaba de nascer, ainda é diversamente apreciado e muito pouco compreendido em sua essência, por grande número de adeptos, de modo a oferecer um laço forte que prenda entre si os membros do que se possa chamar uma Associação ou Sociedade. Impossível é que semelhante laço exista, a não ser entre os que lhe percebem o objetivo moral, o compreendem e o aplicam a si mesmos. Entre os que nele veem fatos mais ou menos curiosos, nenhum laço sério pode existir. Colocando os fatos acima dos princípios, uma simples divergência, quanto à maneira de considerá-los, basta para dividi-los. O mesmo já não se dá com os primeiros, porquanto, acerca da questão moral, não pode haver duas maneiras de encará-la. Tanto assim que, onde quer que eles se encontrem, confiança mútua os atrai uns para os outros e a recíproca benevolência, que entre todos reina, exclui o constrangimento e o vexame que nascem da suscetibilidade, do orgulho que se irrita à menor contradição, do egoísmo que tudo reclama para a pessoa em quem domina.

Uma Sociedade, onde aqueles sentimentos se achassem partilhados por todos, onde os seus componentes se reunissem com o propósito de se instruírem pelos ensinos dos Espíritos e não na expectativa de presenciarem coisas mais ou menos interessantes, ou para fazer cada um que a sua opinião prevaleça, seria não só viável, mas também indissolúvel. A dificuldade, ainda grande, de reunir crescido número de elementos homogêneos deste ponto de vista, nos leva a dizer que, no interesse dos estudos e por bem da causa mesma, as reuniões espíritas devem tender antes à multiplicação de pequenos grupos, do que à constituição de grandes aglomerações. Esses grupos, correspondendo-se entre si, visitando-se, permutando observações, podem, desde já, formar o núcleo da grande família espírita, que um dia consorciará todas as opiniões e unirá os homens por um único sentimento: o da fraternidade, trazendo o cunho da caridade cristã. (1)

Ao tratar da Constituição do Espiritismo, inserta em Obras Póstumas, assinala ainda Kardec: O Espiritismo sustenta princípios que, por se fundarem nas leis da Natureza e não em abstrações metafísicas, tendem a tornar se, e um dia certamente o serão, os da universalidade dos homens; todos os aceitarão, porque encontrarão neles verdades palpáveis e demonstradas, como aceitaram a teoria do movimento da Terra; mas, pretender se que o Espiritismo chegue a estar, por toda parte, organizado da mesma forma [Kardec, naturalmente, está se referindo ao Movimento e não à Doutrina propriamente dita]; que os espíritas do mundo inteiro se sujeitarão a um regime uniforme, a uma mesma forma de proceder; que terão de esperar lhes venha de um ponto fixo a luz, ponto em que deverão fixar os olhos, fora utopia tão absurda como a de pretender se que todos os povos da Terra formem um dia uma única nação, governada por um só chefe, regida pelo mesmo código de leis e submetida aos mesmos usos. Há, é certo, leis gerais que podem ser comuns a todos os povos, mas que sempre, quanto às minúcias da aplicação e da forma, serão apropriadas aos costumes, aos caracteres, aos climas de cada um. Outro tanto se dará com o Espiritismo organizado. Os espíritas do mundo todo terão princípios comuns, que os ligarão à grande família pelo sagrado laço da fraternidade, mas cujas aplicações variarão segundo as regiões, sem que, por isso, a unidade fundamental se rompa; sem que se formem seitas dissidentes a atirar pedras e lançar anátemas umas às outras, o que seria absolutamente antiespírita. Poderão, pois, formar se, e inevitavelmente se formarão, centros gerais em diferentes países, ligados apenas pela comunidade da crença e pela solidariedade moral, sem subordinação de uns aos outros, sem que o da França, por exemplo, nutra a pretensão de impor se aos espíritas americanos e vice-versa.

É perfeitamente justa a comparação, de que acima nos valemos, com os observatórios. Há-os em diferentes pontos do globo; todos, seja qual for a nação a que pertençam, se fundam em princípios gerais firmados pela Astronomia, o que, entretanto, não os torna tributários uns dos outros. Cada um regula como entende os respectivos trabalhos. Permutam suas observações e cada um se utiliza da Ciência e das descobertas dos outros. Assim acontecerá com os centros gerais do Espiritismo; serão os observatórios do mundo invisível, que permutarão entre si o que obtiverem de bom e de aplicável aos costumes dos países onde funcionarem, uma vez que o objetivo que eles colimam é o bem da Humanidade e não a satisfação de ambições pessoais. O Espiritismo é uma questão de fundo; prender se à forma seria puerilidade indigna da grandeza do assunto. Daí vem que os centros que se acharem penetrados do verdadeiro espírito do Espiritismo deverão estender as mãos uns aos outros, fraternalmente, e unir se para combater os inimigos comuns: a incredulidade e o fanatismo. (4)

Essas orientações de Allan Kardec vêm inspirando, ao longo do tempo, os espíritas do mundo inteiro, fazendo com que o trabalho federativo e de unificação se torne cada vez mais fortalecido. Encontram-se presentes nas seguintes diretrizes, que norteiam o Movimento Espírita no Brasil e no exterior: O trabalho federativo e de unificação do Movimento Espírita, bem como o de união dos espíritas e das Instituições Espíritas, baseia-se nos princípios de fraternidade, solidariedade, liberdade e responsabilidade que a Doutrina Espírita preconiza. Caracteriza-se por oferecer sem exigir compensações, ajudar sem criar condicionamentos, expor sem impor resultados e unir sem tolher iniciativas, preservando os valores e as características individuais tanto dos homens como das instituições. A integração e a participação das Instituições Espíritas nas atividades federativas e de unificação do Movimento Espírita, sempre voluntárias e conscientes, são realizadas em nível de igualdade, sem subordinação, respeitando e preservando a independência, a autonomia e a liberdade de ação de que desfrutam. Todo e qualquer programa ou material de apoio colocado à disposição das Instituições Espíritas não terão aplicação obrigatória, ficando a critério das mesmas adotá-los ou não, parcial ou totalmente, ou adaptá-los às suas próprias necessidades ou conveniências. Em todas as atividades federativas e de unificação do Movimento Espírita deve ser sempre estimulado o estudo metódico, constante e aprofundado das obras de Allan Kardec, que constituem a Codificação Espírita. (6)

Todas essas atividades […] têm por objetivo maior colocar, com simplicidade e clareza, a mensagem consoladora e orientadora da Doutrina Espírita ao alcance e a serviço de todos, especialmente dos mais simples, por meio do estudo, da oração e do trabalho. (6) Finalmente, em […] todas as atividades federativas e de unificação do Movimento Espírita deve ser sempre preservado, aos que delas participam, o natural direito de pensar, de criar e de agir que a Doutrina Espírita preconiza, assentando-se, todavia, todo e qualquer trabalho, nas obras da Codificação Kardequiana. (6)

Todas essas diretrizes tornam patente o fato de que, conforme assinala o Espírito Bezerra de Menezes, o […] serviço da unificação em nossas fileiras é urgente mas não apressado. […] É urgente porque define o objetivo a que devemos todos visar, mas não apressado, porquanto não nos compete violentar consciência alguma. (8)


3. Estrutura

Conforme visto no item anterior, Kardec, na sua Constituição do Espiritismo, apresenta suas diretrizes gerais para o trabalho da unificação. Ver-se-á neste item, com base também no referido escrito do Codificador, o seu pensamento quanto à estrutura mais adequada ao Movimento Espírita. Para isso, respigamos, nas considerações por ele tecidas, os seguintes trechos mais significativos para o estudo deste tópico: Durante o período de elaboração, a direção do Espiritismo teve que ser individual; era necessário que todos os elementos constitutivos da Doutrina, saídos, no estado de embriões, de uma multidão de focos, se dirigissem para um centro comum, a fim de serem aí examinados e cotejadas, de sorte que um só pensamento presidisse à coordenação deles, a fim de estabelecer-se a unidade no conjunto e a harmonia entre todas as partes. (2) Adiante, prossegue: Hoje, que o trabalho de elaboração se acha concluído, no que concerne às questões fundamentais; que estabelecidos se encontram os princípios gerais da Ciência, a direção, de individual que houve de ser em começo, tem que se tornar coletiva, primeiramente, porque um momento há de vir em que o seu peso excederá as forças de um homem e, em segundo lugar, porque maior garantia apresenta um conjunto de indivíduos, a cada um dos quais caiba apenas um voto e que nada podem sem o concurso mútuo, do que um só indivíduo, capaz de abusar da sua autoridade e de querer que predominem as suas ideias pessoais.

Em vez de um chefe único, a direção será confiada a uma comissão central permanente, cuja organização e atribuições se definam de maneira a não dar azo ao arbítrio. […] A comissão central será, pois, a cabeça, o verdadeiro chefe do Espiritismo, chefe coletivo, que nada poderá sem o assentimento da maioria. Suficientemente numeroso para se esclarecer por meio da discussão, não o será bastante para que haja confusão. […] Para a comunidade dos adeptos, a aprovação ou a desaprovação, o consentimento ou a recusa, as decisões, em suma, de um corpo constituído, representando opinião coletiva, forçosamente terão uma autoridade que jamais teriam, se emanassem de um só indivíduo, que apenas representa uma opinião pessoal. […] Fica bem entendido que aqui se trata de autoridade moral, no que respeita à interpretação e aplicação dos princípios da Doutrina, e não de um poder disciplinar qualquer. […] Para o público estranho, um corpo constituído tem maior ascendente e preponderância; contra os adversários, sobretudo, apresenta uma força de resistência e dispõe de meios de ação com que um indivíduo não poderia contar; aquele luta com vantagens infinitamente maiores. Uma individualidade está sujeita a ser atacada e aniquilada; o mesmo já não se dá com uma entidade coletiva. Semelhante entidade oferece garantias de estabilidade, que não existe, quando tudo recai sobre uma cabeça única. Desde que o indivíduo se ache impedido por uma causa qualquer, tudo fica paralisado. A entidade coletiva, ao contrário, se perpetua incessantemente. Embora perca um ou vários de seus membros, nada periclita. (3)

Esse pensamento de Kardec vem orientando a estruturação do Movimento Espírita, no Brasil e no exterior, respeitadas, obviamente, as necessidades dos novos tempos.

No Brasil, pode-se dizer que os esforços unificadores tiveram […] seu marco inicial decisivo com a atuação segura de Bezerra de Menezes, que, inclusive, se inspirou nas páginas de Obras Póstumas, de cuja obra foi o primeiro tradutor para o nosso vernáculo, e continuam até hoje, no sentido de preservara unidade doutrinária e assegurar a continuidade da propagação do Espiritismo. (9) Muitas foram as iniciativas postas em prática ao longo do tempo com vistas a dar ao Movimento Espírita uma estrutura adequada. Citaremos duas delas, que podem ser consideradas os principais marcos históricos do nosso Movimento. São as seguintes:


BASES DE ORGANIZAÇÃO ESPÍRITA

Trata-se de documento […] proposto pela Federação Espírita Brasileira [FEB] e aprovado, após discussão e ligeira modificações, por espíritas de todo o País, num conclave sem precedentes. (9) Consta do referido documento que os participantes desse conclave, realizado em 1.º de outubro de 1904, resolvem, entre outros pontos de grande significado: […] empregar desde já todos os esforços para a criação, na capital de cada Estado da União Brasileira, de um Centro calcado nos moldes da Federação do Rio de Janeiro [referência à FEB, que tinha a sede na cidade do Rio de Janeiro], tendo por fim promover a organização e filiação de associações de estudo e propaganda em todo o Estado. Tais instituições, aderindo ao programa da Federação Espírita Brasileira, a ela se filiarão com as respectivas associações subsidiárias, sem nenhuma relação de dependência disciplinar, mas unicamente com intuitos de confraternização e unidade de vistas. (10)


PACTO ÁUREO

Transcorridos 45 anos, outro fato de grande importância marcou o processo de unificação do Movimento Espírita no Brasil. Trata-se da Grande Conferência Espírita no Rio de Janeiro — o Pacto Áureo — , realizada em 5 de outubro de 1949. Os signatários desse acordo não são pessoas físicas apenas, como sucedeu no conclave de 1904. O Movimento Espírita havia crescido. Alguns Estados já possuíam as suas Entidades representativas, que assinaram o documento. Citaremos os três primeiros artigos do Pacto Áureo, por estarem mais diretamente ligados aos objetivos deste estudo: 1º) Cabe aos Espíritas do Brasil porem em prática a exposição contida no livro “Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho”, de maneira a acelerar a marcha evolutiva do Espiritismo. — 2º) A FEB criará um Conselho Federativo Nacional, permanente, com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua atual Organização Federativa. (11) Cabe esclarecer que o artigo 1º. supracitado faz referência à missão espiritual do Brasil junto às demais nações, conforme revelado pelo Espírito Umberto de Campos no livro em referência. Emmanuel, prefaciando a mencionada obra, assinala: Se outros povos atestaram o progresso, pelas expressões materialistas e transitórias, o Brasil terá a sua expressão imortal na vida do espírito, representando a fonte de um pensamento novo, sem as ideologias de separatividade, e inundando todos os campos das atividades humanas com uma nova luz. (13) Em relação ao disposto no artigo 2º citado, deve ser dito que o Conselho Federativo Nacional (CFN), órgão da Federação Espírita Brasileira, foi criado no dia 1.º de janeiro de 1950, na cidade do Rio de Janeiro e transferido, no dia 1.º de julho de 1978, para a sede da FEB em Brasília.

Como se vê, desde 1904, com a assinatura do documento Bases de Organização Espírita, citado, a Entidade federativa ou de unificação do Movimento Espírita no Brasil é a Federação Espírita Brasileira, sendo o seu Conselho Federativo Nacional, criado com base no Pacto Áureo, o órgão com a finalidade de executar, desenvolver e ampliar os planos da sua Organização Federativa. Atualmente, o Conselho Federativo Nacional é integrado pelas Federativas de todos os Estados brasileiros e conta, para fins específicos, com o assessoramento de Entidades Especializadas de Âmbito Nacional, tais como a Cruzada dos Militares Espíritas; a Associação Brasileira de Divulgadores do Espiritismo — ABRADE; o Instituto de Cultura Espírita do Brasil — ICEB; a Associação Brasileira dos Magistrados Espíritas — ABRAME. Dentre as inúmeras iniciativas marcantes do CFN, destaca-se, pelo seu alto significado, a criação das Comissões Regionais, em 2 novembro de 1985. Para dar uma ideia da amplitude do trabalho dessas Comissões, basta citar o caput e o item I do artigo 2º do seu Regimento Interno, a saber: Artigo 2º. — As Comissões Regionais, que desenvolverão suas atividades observando os norteamentos do Conselho Federativo Nacional, têm por objetivos: I — coordenar e promover, em nível regional, com as Entidades Estaduais de Unificação do Movimento Espírita, as atividades que tenham por fim a difusão da Doutrina Espírita e as tarefas de Unificação, inclusive, visando a dotar as Instituições Espíritas dos conhecimentos necessários ao desenvolvimento de suas atividades. (12). São constituídas por um representante de cada Entidade Estadual que integra a região correspondente (Norte, Nordeste, Centro ou Sul). As reuniões ordinárias das Comissões Regionais são realizadas uma vez por ano, em cada região, de forma rotativa quanto ao local. Dentre os documentos norteadores do trabalho do Movimento Espírita, aprovados pelo CFN, os principais são: A Adequação do Centro Espírita para o melhor atendimento de suas finalidades (outubro de 1977); o opúsculo Orientação ao centro espírita (julho de 1980), e Diretrizes de Dinamização das Atividades Espíritas (novembro de 1983).

No que toca ao Movimento Espírita mundial, deve ser destacado o seu grande marco histórico: a fundação, em 28 de novembro de 1992, do Conselho Espírita Internacional (CEI), […] organismo resultante, em âmbito mundial, das Associações Representativas dos Movimentos Espíritas Nacionais. (7) Assinaram a ata de fundação os seguintes países: Argentina, Brasil, Espanha, Estados Unidos, França, Guatemala, Itália, Portugal e Reino Unido. Atualmente o CEI é composto por 27 países membros. O Conselho Espírita Internacional lançou dois documentos de suma importância para o Movimento Espírita em todo o mundo: os folhetos Conheça o Espiritismo, uma nova era para a Humanidade, e Divulgue o Espiritismo, uma nova era para a Humanidade, traduzidos em diversos idiomas.

Isto posto, resta apresentar, em síntese, a estrutura do Trabalho Federativo e de Unificação do Movimento Espírita, nacional e mundial. Esse trabalho se estrutura […] através da união dos Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas que, preservando a sua autonomia e liberdade de ação, conjugam esforços e somam experiências, objetivando o permanente fortalecimento e aprimoramento das suas atividades e do Movimento Espírita em geral. (5) Esses […] Grupos, Centros ou Sociedades Espíritas, unindo-se, constituem as Entidades e Órgãos federativos ou de unificação do Movimento Espírita em nível local, regional, estadual ou nacional. (5) Essas […] Entidades e Órgãos federativos ou de unificação do Movimento Espírita, em nível nacional, constituem a Entidade de unificação do Movimento Espírita em nível mundial — o Conselho Espírita Internacional. (5)



 

ANEXO I


Os obreiros do Senhor



 

ANEXO II


Pai Nosso

Oração ensinada por Jesus


Referências Bibliográficas:

1. KARDEC, Allan. O Livro dos Médiuns. Tradução de Guillon Ribeiro. 74. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Capítulo XXIX, item 334, p. 430.

2. Idem - Obras Póstumas. Tradução de Guillon Ribeiro. 36. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2005. Segunda parte. Constituição do Espiritismo, item IV, p. 355.

3. Idem, ibidem - p. 356-357.

4. Id. - Item VI, p. 362-364.

5. FEB/CEI. Divulgue o Espiritismo, uma Nova Era para a Humanidade. Documento aprovado pelo Conselho Espírita Nacional (em 1996) e pelo Conselho Espírita Internacional (em 1998). Brasília: FEB, p. 5.

6. Idem, ibidem - p. 6.

7. Idem, ibidem - p. 7.

8. Idem, ibidem - p. 8.

9. FEB. Movimento Espírita. Brasília: FEB, 1996, item 4.3, p. 52.

10. Id. - Item 4.3.1, p. 52-53.

11. Id. - Item 4.3.2, p. 54.

12. Id. - Item 4.3.4.2.2, p. 63.

13. XAVIER, Francisco Cândido. Brasil, Coração do Mundo, Pátria do Evangelho. Pelo Espírito Humberto de Campos. 30. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2004. Prefácio de Emmanuel, p. 11.


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