O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão | Estudos Espíritas

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EADE — Estudo Aprofundado da Doutrina Espírita — Religião à luz do Espiritismo

TOMO III — ESPIRITISMO, O CONSOLADOR PROMETIDO POR JESUS
Módulo IV — A Humanidade Regenerada

Roteiro 6


Amor e evolução


Objetivo: Esclarecer por que a capacidade de amar se amplia com a evolução do ser humano.



IDEIAS PRINCIPAIS

  • A […] palavra do Cristo é insofismável. Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes exteriores… Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembléias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras… Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus que começa na vida íntima […]. Emmanuel: Fonte viva. Capítulo 15.

  • […] Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. […] Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha. Léon Denis: O problema do ser, do destino e da dor. Capítulo IX.



 

SUBSÍDIOS


Ensina Jesus:

Nisso reconhecerão todos que sois meus discípulos se tiverdes amor uns pelos outros. (João, 13.35. Bíblia de Jerusalém)


A […] palavra do Cristo é insofismável. Não nos faremos titulares da Boa Nova simplesmente através das atitudes exteriores… Precisamos, sim, da cultura que aprimora a inteligência, da justiça que sustenta a ordem, do progresso material que enriquece o trabalho e de assembléias que favoreçam o estudo; no entanto, toda a movimentação humana, sem a luz do amor, pode perder-se nas sombras… Seremos admitidos ao aprendizado do Evangelho, cultivando o Reino de Deus que começa na vida íntima. Estendamos, assim, a fraternidade pura e simples, amparando-nos mutuamente… Fraternidade que trabalha e ajuda, compreende e perdoa, entre a humildade e o serviço que asseguram a vitória do bem. Atendamo-la, onde estivermos, recordando a palavra do Senhor que afirmou com clareza e segurança: — “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos: se vos amardes uns aos outros.” (1)


1. O amor e o processo evolutivo humano


Os Espíritos que ainda se encontram nas fases primárias da evolução, desconhecem as mais singelas manifestações do amor uma vez que se acham presos às necessidades básicas, às paixões, determinadas pelo instinto de sobrevivência da espécie. O desenvolvimento do amor, considerado em sua dimensão elevada, é conquista que se amplia durante o processo evolutivo humano.


O amor puro é o reflexo do Criador em todas as criaturas. Brilha em tudo e em tudo palpita na mesma vibração de sabedoria e beleza. É fundamento da vida e justiça de toda a Lei. Surge, sublime, no equilíbrio dos mundos erguidos à glória da imensidade, quanto nas flores anônimas esquecidas no campo. […] Plasma divino com que Deus envolve tudo o que é criado, o amor é o hálito d’Ele mesmo, penetrando o Universo. Vemo-lo, assim, como silenciosa esperança do Céu, aguardando a evolução de todos os princípios e respeitando a decisão de todas as consciências. Mercê de semelhante bênção, cada ser é acalentado no degrau da vida em que se encontra. […] O amor, repetimos, é o reflexo de Deus, Nosso Pai, que se compadece de todos e que a ninguém violenta, embora, em razão do mesmo amor infinito com que nos ama, determine estejamos sempre sob a lei da responsabilidade que se manifesta para cada consciência, de acordo com as suas próprias obras. E, amando-nos, permite o Senhor perlustrarmos sem prazo o caminho de ascensão para Ele, concedendo-nos, quando impensadamente nos consagramos ao mal, a própria eternidade para reconciliar-nos com o bem, que é a sua regra imutável. (2)


No processo evolutivo seguinte, após a fase primária, acontece as primeiras manifestações do sentimento. Mas, mesmo neste momento da evolução, a criatura humana ainda se encontra muito distante do amor puro, sublimado. E, a partir desse marco, e por muito tempo, permanecerá centrada em si mesma, amando-se mais a si, e pouco ou nada se interessando pelo próximo.

O desenvolvimento do sentimento ocupa, dessa forma, extenso período da caminhada ascensional humana, antes do Espírito sublimá-lo, libertando-se definitivamente das amarras do egoísmo e do orgulho. Aprende, então, a sair de si mesmo e inicia o seu aprendizado junto ao próximo, servindo-o: “Auxiliarás por amor nas tarefas do benefício […]. Enxergarás, nos que te rodeiam, irmãos autênticos, diante da providência Divina. Ajudarás os menos bons para que se tornem bons, e auxiliarás os bons, a fim de que se façam melhores.” (3)


[…] Existe, no entanto, nos trabalhos da Boa Nova, um tipo de cooperador diferente. Louva o Senhor com pensamentos, palavras e atos, cada dia. Distribui o tesouro do bem, por intermédio do verbo consolador, sempre que possível. Escreve conceitos edificantes, em torno do Evangelho, toda vez que as circunstâncias lho permitem. Ultrapassa, porém, toda pregação falada ou escrita, agindo incessantemente na sementeira do bem, em obras de sacrifício próprio e de amor puro, nos moldes de ação que o Cristo nos legou. Não pede recompensa, não pergunta por resultados, não se sintoniza com o mal. Abençoa e ajuda sempre. Semelhante companheiro é conhecido por verdadeiro discípulo do Senhor, por muito amar. (4)


Nessas condições, o homem, classificado de Espírito Superior, possui conhecimento intelectual associado à vivência da lei de amor, como consta na Escala Espírita, no que diz respeito à segunda e primeira ordem dos Espíritos:


Segunda ordem — Bons Espíritos


1. Predominância do Espírito sobre a matéria; desejo do bem. Suas qualidades e poderes para fazer o bem estão em relação com o grau de adiantamento que hajam alcançado; uns têm a ciência, outros a sabedoria e a bondade. Os mais adiantados aliam o saber às qualidades morais. […]. (5)


2. […] Compreendem Deus e o infinito e já gozam da felicidade dos bons. São felizes pelo bem que fazem e pelo mal que impedem. O amor que os une é, para eles, fonte de inefável ventura, não se alterando nem pela inveja, nem pelo remorso, nem por nenhuma das más paixões que constituem o tormento dos Espíritos imperfeitos. Mas todos ainda tem que passar por provas, até que atinjam a perfeição absoluta. […]. (5)


3. […] Como Espíritos, sugerem bons pensamentos, desviam os homens do caminho do mal, protegem na vida os que se tornam dignos dessa proteção e neutralizam a influência dos Espíritos imperfeitos sobre aqueles que não se comprazem em sofrê-la. Quando encarnados, são bons e benevolentes com os seus semelhantes. Não são movidos pelo orgulho, nem pelo egoísmo, nem pela ambição. Não experimentam ódio, rancor, inveja ou ciúme e fazem o bem pelo bem. A esta ordem pertencem os Espíritos designados, nas crenças vulgares, pelos nomes de bons gênios, gênios protetores, Espíritos do bem. […] (5)


Primeira ordem — Espíritos Puros


1. […] Nenhuma influência da matéria. Superioridade intelectual e moral absoluta, com relação aos Espíritos das outras ordens. […] Percorreram todos os graus da escala e se despojaram de todas as impurezas da matéria. (6)


2. […] Gozam de inalterável felicidade, porque não estão sujeitos nem às necessidades, nem às vicissitudes da vida material; essa felicidade, porém, não é a de ociosidade monótona vivida em perpétua contemplação. Eles são os mensageiros e os ministros de Deus, cujas ordens executam para manutenção da harmonia universal. Comandam a todos os Espíritos que lhes são inferiores, ajudam-nos a se aperfeiçoarem e designam suas missões. Assistir os homens nas suas aflições, estimulá-los ao bem ou à expiação das faltas que os mantém distanciados da suprema felicidade é, para eles, ocupação agradabilíssima. São designados às vezes pelos nomes de anjos, arcanjos ou serafins. (6)


Compreende-se, então, que antes do Espírito atingir as faixas superiores da evolução, ele desenvolve o aprendizado necessário, ao longo das reencar- nações e das vivências no plano espiritual. Não somente a espécie humana está submetida ao amor, mas todos os seres vivos e coisas criadas por Deus:


[…] O amor é a lei própria da vida e, sob o seu domínio sagrado, todas as criaturas e todas as coisas se reúnem ao Criador, dentro do plano grandioso da unidade universal. Desde as manifestações mais humildes dos reinos inferiores da Natureza, observamos a exteriorização do amor em sua feição divina. Na poeira cósmica, sínteses da vida, temos as atrações magnéticas profundas; nos corpos simples, vemos as chamadas “precipitações” da química; nos reinos mineral e vegetal verificamos o problema das combinações indispensáveis. Nas expressões da vida animal; observamos o amor em tudo, em gradações infinitas, da violência à ternura, nas manifestações do irracional. […]. (7)


Com a melhoria gradual, o Espírito encontra inúmeras oportunidades de expressar o amor, que passa a lhe dirigir a existência.


[…] No caminho dos homens é ainda o amor que preside a todas as atividades da existência em família e em sociedade. Reconhecida a sua luz divina em todos os ambientes, observaremos a união dos seres como um ponto sagrado, referência dessa lei única que dirige o Universo. Das expressões de sexualidade, o amor caminha para o supersexualismo, marchando sempre para as sublimadas emoções da espiritualidade pura, pela renúncia e pelo trabalho santificantes, até alcançar o amor divino, atributo dos seres angelicais, que se edificaram para a união com Deus, na execução de seus sagrados desígnios do Universo. (8)


2. Espíritos Superiores: equilíbrio entre o saber e a moralidade


A Natureza não dá saltos, em termos evolutivos. Da mesma forma, um Espírito só passa de uma categoria para outra mais elevada se já adquiriu toda soma de aprendizado naquele o estágio evolutivo onde estagiava. “[…] Desse modo, a mais singela conquista interior corresponde para a nossa alma a horizontes novos, tanto mais amplos e mais belos, quanto mais bela e mais ampla se faça a nossa visão espiritual. […].” (9)

Desde o momento da sua criação, o Espírito está destinado à perfeição:


“A alma contém, no estado virtual, todos os germens dos seus desenvolvimentos futuros. É destinada a conhecer, adquirir e possuir tudo. […] Para realizar os seus fins, tem de percorrer, no tempo e no espaço, um campo sem limites. É passando por inúmeras trans- formações, no fim de milhares de séculos, que o mineral grosseiro se converte em diamante puro, refratando mil cintilações. Sucede o mesmo com a alma humana. […].” (10)


Trata-se de uma lei universal que se aplica à evolução biológica propriamente dita, e ao aperfeiçoamento moral e intelectual do Espírito.


[…] Pouco a pouco a alma se eleva e, conforme vai subindo, nela se vai acumulando uma soma sempre crescente de saber e virtude; sente-se mais estreitamente ligada aos seus semelhantes; comunica mais intimamente com o seu meio social e planetário. Elevando-se cada vez mais, não tarda a ligar-se por laços pujantes às sociedades do Espaço e depois ao Ser Universal. Assim, a vida do ser consciente é uma vida de solidariedade e liberdade. Livre dentro dos limites que lhe assinalam as leis eternas, faz-se o arquiteto do seu destino. O seu adiantamento é obra sua. Nenhuma fatalidade o oprime, salvo a dos próprios atos, cujas conseqüências nele recaem; mas, não pode desenvolver-se e medrar senão na vida coletiva com o recurso de cada um e em proveito de todos. Quanto mais sobe, tanto mais se sente viver e sofrer em todos e por todos. Na necessidade de se elevar a si mesmo, atrai a si, para fazê-los chegar ao estado espiritual, todos os seres humanos que povoam os mundos onde viveram. Quer fazer por eles o que por ele fizeram os seus irmãos mais velhos, os grandes Espíritos que o guiaram na sua marcha. […]. (11)


As diferentes expressões do amor acompanha, assim, todas as aquisições intelectuais e morais do ser em sua longa trajetória evolutiva: da sensação e do instinto animal até aos puríssimos sentimentos angelicais, pois, em suas manifestações, o amor se revela como “[…] um impulso do ser, que o leva para outro ser com o desejo de unir-se a ele. Mas, na realidade, o amor reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes.[…].” (12)


[…] Princípio da vida universal, proporciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si; é por ele que ela se sente estreitamente ligada ao Poder Divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor. […] O amor é uma força inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe. É pelo amor, sol das almas, que Deus mais eficazmente atua no mundo. Por ele atrai para si todos os pobres seres retardados nos antros da paixão, os Espíritos cativos na matéria; eleva-os e arrasta-os na espiral da ascensão infinita para os esplendores da luz e da liberdade. O amor conjugal, o amor materno, o amor filial ou fraterno, o amor da pátria, da raça, da humanidade, são refrações, raios refratados do amor divino, que abrange, penetra todos os seres, e, difundindo-se neles, faz rebentar e desabrochar mil formas variadas, mil esplêndidas florescências de amor.[…]. (13)


ORIENTAÇÕES AO MONITOR:

  • Realizar uma breve explanação sobre o desenvolvimento do amor integrado ao natural processo evolutivo do ser humano.

  • Pedir aos participantes que leiam o Roteiro de Estudo, silenciosa e reflexivamente, destacando pontos considerados importantes.

  • Em plenária, debater o assunto, dirigindo perguntas à turma, previamente elaboradas.

  • Ao final, o monitor deve fazer uma síntese dos pontos mais importantes que foram estudados.




Referências:

1. XAVIER, Francisco Cândido. Fonte viva. Pelo Espírito Emmanuel. 34. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2006. Capítulo 15, p. 46-47.

2. Idem - Pensamento e vida. Pelo Espírito Emmanuel. 18. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Capítulo 30, p. 125-127.

3. Idem - Alma e coração. Pelo Espírito Emmanuel. São Paulo: Pensamento Cultix, 2006. Capítulo 39, p. 87-88.

4. Idem - Fonte viva. Op. Cit. Capítulo 63, p. 164.

5. KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. 2. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008, questão 107, p. 132-133.

6. Idem, ibidem - Questão 113, p. 135.

7. XAVIER, Francisco Cândido. O Consolador. Pelo Espírito Emmanuel. 28. ed. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Questão 322, p. 255.

8. Idem, ibidem - p. 255-256.

9. Idem - Vozes do grande além. Por diversos Espíritos. 4. ed. Rio de Janeiro: FEB, 1990. Capítulo 12 (Esclarecimento - mensagem do Espírito André Luiz), p. 57.

10. DENIS, Léon. O problema do ser, do destino e da dor. Primeira edição especial. Rio de Janeiro: FEB, 2008. Primeira parte, Capítulo IX, p. 119.

11. Idem, ibidem - p. 162-163.

12. Idem - Terceira parte, Capítulo XXV, p. 507.

13. Idem, ibidem - p. 507-508.


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