O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Uma vida de amor e caridade — Autores diversos — F. C. Xavier/Izabel Bueno — 1ª Parte


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Buscando recursos em São Paulo

Corria o ano de 1964.

A escassez de recursos para o tratamento dos doentes gera grandes dificuldades. Além das despesas com remédios e alimentos, ainda o prédio em construção.

A situação era grave!

Pensando na continuidade do tratamento em curso, daqueles irmãos cujo sofrimento não podemos avaliar, Aparecida Conceição Ferreira resolve viajar para São Paulo, com a finalidade específica de pedir o socorro de donativos, visando atender os gastos inadiáveis do Hospital e o pagamento dos materiais de construção.

Chegando na Grande São Paulo com o espírito repleto de esperanças e boas intenções, instala-se no Viaduto do Chá, acompanhada de alguns doentes, iniciando a sua campanha de pedido direto aos transeuntes que por ali passavam. Aparecida já havia promovido outras campanhas em São Paulo, inclusive nos Diários Associados, para a compra do terreno onde seria construída a sede do Hospital, cujas referências serão feitas mais adiante.


OS EMBARAÇOS NO CAMINHO DO BEM

Quando Aparecida e seus doentes, já se encontravam integrados naquele dignificante serviço de amor, no Viaduto do Chá, eis, que sem demora, surgem os primeiros impasses para quem estava travando a batalha do Bem! O impacto de autoridades que se apresentam, embargando a continuação do trabalho da Caridade.

Com ideias preconcebidas e interpretação “a priori”, do verdadeiro significado daquele gesto fraterno, não foram aceitas de forma alguma, as afirmações da existência da Casa Assistencial em Uberaba. Fizeram acusações à Aparecida Ferreira, de estar mendigando para Entidade fictícia.

Desse julgamento precipitado e injusto, resultou a sua prisão, negando-lhe ainda o direito fundamental de defesa.

Durante oito dias de detenção, sempre que chamada a depor, procurava convencer as autoridades sobre a verdadeira situação dos doentes de pênfigo em Uberaba.

No fim desses oito dias de amarguras na prisão, apesar da irredutível opinião dos superiores, não aceitando os argumentos apresentados por Aparecida, foi-lhe concedida a liberdade, porém, condicionada a uma apresentação de atestados e cartas de reconhecimento da Entidade, firmados pelo Prefeito Municipal, Câmara de Vereadores, Juiz de Direito e Delegado de Uberaba.

Para isso, concederam-lhe a permissão de viajar no sábado, a fim de conseguir os documentos exigidos.

Chegando em Uberaba, reuniu não só, os atestados que lhe foram pedidos, mas ainda a solidariedade em setenta cartas de outras autoridades, de Associações de Classe e de muitos amigos uberabenses, que reconheciam a existência e o mérito da Instituição.

Logo que a Aparecida apresentou os documentos em São Paulo, foi liberada. Mas permaneceu para a Autoridade Superior, uma dúvida a respeito daquele movimento tão rápido e eficiente, pensando ser uma proteção política. Por isso, Aparecida mesmo em liberdade, fora instaurado o processo, a que foi obrigada a responder, encontrando para a sua defesa, a espontaneidade dos serviços voluntários da distinta advogada Drª. Izolda M. Dias, de São Paulo.

Não podendo promover campanhas até o término do processo, Aparecida regressou a Uberaba.

Continuando as investigações, visitou o Hospital do Pênfigo, o Sr. Waldemar Nunes que solicitou outras cartas e documentos, que lhe foram apresentados em tempo hábil. O processo foi encerrado depois de alguns meses, pela conclusão da veracidade das afirmações.

O Sr. Waldemar Nunes tornou-se um grande amigo e benfeitor do Hospital do Pênfigo, até o seu falecimento ocorrido em 09/12/1968.

Mas, a Providência Divina nos socorre nas horas difíceis, principalmente quando estamos no serviço da beneficência, aparecendo sempre o auxílio de que necessitamos, com o socorro da Caridade.

Pois, logo após as dificuldades daquele triste incidente, Aparecida recebeu o apoio fraternal de muitos irmãos que vieram oferecer os recursos para o atendimento das necessidades da Casa Assistencial de Uberaba.

A nossa querida amiga Encarnação Blasquez Galves promoveu em São Paulo, um bazar que foi muito concorrido, com excelente resultado, tendo sido pago todo o madeiramento e encanamento do prédio em construção. O material do madeiramento foi fornecido pelo Sr. Santos Guido, que num gesto de benevolência, fez a fraterna concessão “para ser pago quando Aparecida pudesse”.

Amélia Rocha, tendo recebido o seu primeiro “disco de ouro”, que é o sonho de todo artista, ofereceu-o ao Hospital do Pênfigo. Tendo sido rifado, foi pago todo o material elétrico.

O Sr. Lamartine Mendes fez a doação de toda a telha. Francisco Galves e seus amigos e companheiros de trabalho do Brás, doaram todas as portas e vidros.

E, Aparecida continuou a trabalhar com a fé inquebrantável e a coragem destemida que alimenta os grandes ideais.


Izabel Bueno


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