O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Sementeira de luz — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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Situação política do nosso país

05|12|1945


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, como sempre, são os nossos votos, desejando-lhes muita saúde e paz, extensivas ao nosso caro Chico Guimarães.  n

2 Seguimos, com interesse, o comentário de vocês relativamente à situação política do nosso país, situação repleta de problemas intricados e complexos em face da onda de renovação.

3 Desde 1939, o Brasil esteve como um “grande lar”, sagrado e acolhedor, porém fechado por defesas magnéticas do Plano espiritual que somente se abriram agora, em 1945, em se modificando a posição europeia. Fez-se o possível por defender o santuário doméstico da pátria e preservá-lo, contudo, agora, requisita-se dos companheiros encarnados o preciso coeficiente de cooperação.

4 O país permanece, frente à frente, com as mil e uma novidades que a última grande guerra trouxe em seu bojo monstruoso. Hora de modificações supremas, de renovação dos caminhos, de revisão dos roteiros. E podem crer que o serviço ainda é de análise, sem ser o trabalho das aplicações práticas que apenas poderá sobrevir, encerrada a fase experimentalista. 5 É lastimável a perturbação geral oriunda do nosso excesso de bem-estar. As exigências atuais não nos colhem na situação de esgotamento ou de pauperismo. Não vimos o infortúnio de perto. A necessidade não nos humilhou a economia física. E na zona espiritual do conhecimento, estivemos a distância, como enorme núcleo infantil bem protegido, mercê da Providência Divina. É por isso que não estamos sabendo estabelecer o equilíbrio necessário. 6 Agraciados pela Sublime Misericórdia, ignoramos como aplicar os dons e dádivas recebidos. Daí os primórdios da luta política que se esboça em paisagem aparentemente calma. Continuará nossa esfera de ação, cooperando pela tranquilidade brasileira, através de todos os recursos ao nosso alcance. Entretanto, cessada a organização defensiva em outubro último, por força das circunstâncias inelutáveis, a maior quota de serviço e concurso estará afeta aos homens responsáveis.

7 O descontentamento, contudo, é grande. Pelo fato de não possuirmos “infelicidades mesológicas” ou “sociais”, importamos as que flagelam outros países. Adquirimos as questões proletárias da Rússia, compramos desvarios políticos da França, buscamos influências dogmáticas de Portugal e da Espanha e, agora, para extirpar enfermidades coletivas que procuramos, com as próprias mãos, pelo gosto da moda, a Nação experimentará talvez dificuldades de vulto. Por nossa vez, avisamos a todos vocês, nossos amigos mais íntimos, para que estejam a postos, a fim de que a segurança espiritual lhes constitua porto legítimo de vida pacífica e construtiva.

8 Há tantas feras observando as portas que outra atitude não nos deve preocupar acima da noção de vigilância de nossa própria paz.

9 É bem amargo comentar a paisagem atual do Brasil com semelhante aspereza de conceituação, todavia, a sinceridade deve imperar entre aqueles que podem senti-la e aproveitá-la. Sofreremos muito ainda para consolidar os alicerces da verdadeira democracia. Aliás, isso é natural. Os países mais idosos na experiência do “governo do povo, pelo povo e para o povo” foram compelidos a pesados esforços coletivos para ambientá-lo.

10 Creiam que, considerados de nossa posição no plano dos desencarnados, os poucos anos que correram de 1889 a esta parte são frações mínimas de tempo. Adicione-se a isso o impulso inato de liberdade dos brasileiros, de liberdade de direitos com limitação de deveres e reconheceremos que nos resta fazer muito na ossificação do “gigante” nacional. Em razão disso, encaremos as questões com a preocupação justa, mas sem trair a serenidade que nos deve orientar. Em tais sucessos, é indispensável cultivar o desapego com noção de responsabilidade individua) como planta predileta do espírito. De outro modo, seria afrontar a ventania arrasadora, entregue à intempérie, sem abrigo de qualquer espécie nos círculos de atividade espontânea da natureza.

11 Foi possível reduzir ao mínimo a quota de sangue do Brasil no grande conflito internacional, mas o país sofrerá todas as modificações em curso nas outras nações do globo. Ondas destruidoras e reedificadoras entrecruzam-se, desde o Atlântico ao Pacífico, desde o Brasil ao Japão. É a enorme luta evolutiva! Chegam devagarinho, insensivelmente, como todas as ordens de Deus. Ao fim de certo tempo, contudo, agigantam-se para ser utilizadas com êxito em nosso campo individual. Prossigamos lutando, dividindo o tempo entre a construção das mãos e do coração. Corpo e espírito, materialidade e espiritualidade, hoje e amanhã.

12 Felicitamos o Chico Guimarães pelo seu início nos estudos aplicados de magnetismo curador. Acredite, meu amigo, no bem que pode fazer. Lembre-se de que Jesus não o aposentou e que os seus esforços podem beneficiar a muitos. Estimamos a sua cooperação na obra do Abrigo Jesus  n e admitimos que o seu quadro de possibilidades é extenso e valioso. Que Deus o fortifique e o conduza.

13 Agora, despeço-me. Consola-me a certeza de que, em se tratando de política, não o fiz senão com o objetivo de alertá-los. Nosso candidato ainda e sempre é o Cristo, o supremo governador, isso, naturalmente, com o devido respeito ao nome do homem digno, em que vocês e nós acreditamos encontrar as melhores qualidades para dirigir o País. É preciso não esquecer que vocês ainda se encontram na Terra e necessitam encontrar a sintonia com aqueles Espíritos mais elevados, a quem o Senhor conferiu o mandato da administração em Seu nome. Que Ele nos ajude e inspire sempre.

Recebam o carinhoso abraço do papai muito amigo que não os esquece,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: Refere-se a Francisco Guimarães, grande amigo da família Amorim, residente em Belo Horizonte, já mencionado na mensagem do cap. 185.

[2] Nota da organizadora: Entidade beneficente sediada em Belo Horizonte.


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