O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Relicário de luz — Autores diversos


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Amor filial

1 Mãe querida: Aqui estou.

2 A morte abre as portas da vida e a vida, muitas vezes, como a conhecemos na Terra, é quase sempre a descida para a morte.

3 A dor, porém, a velha dor que me serviu de pagem, do berço ao túmulo, jamais escondeu nosso amor à eternidade.

4 Ainda mesmo no sofrimento, seu carinho ouvia minha voz, e o reino da perfeita compreensão era o ninho em que habitávamos ambos, constantemente à espera do dia melhor.

5 Quando menos aguardava o fim da luta, chamou-me a Vontade do Senhor para outros climas.

6 A noite caliginosa da provação terminara e raiou a alvorada nova… Entretanto, mamãe, que paraíso haveria mais belo e mais doce para mim que o lar invisível de sua ternura e de seu devotamento?

7 Que felicidade mais pura existiria para seu filho, que essa de permanecer ao seu lado, escutando-lhe os cânticos do coração?

8 Por isso mesmo, fiquei e sigo-lhe os passos com a alegria constante de quem não deseja apartar-se do seu tesouro maior.

9 Através de todos os recursos ao meu alcance, busco fazer-me ouvido por sua alma incorporada ao santuário de minhas indeléveis recordações.

10 Em suas noites de angústia, tento acender estrelas de esperança no firmamento de sua fé; e nos dias atribulados, quando os espinhos se multiplicam, em derredor de seus passos, procuro ser o intangível bordão de arrimo para que seu Espírito afetuoso e, tanta vez, incompreendido, não se desequilibre na marcha.

11 Tenho tido a felicidade de contemplar a sua confiança em Deus a erguer-se sempre mais alto, convertendo pesares em alegrias, sombras em luzes, ofensas em benefícios e derrotas aparentes em triunfos reais para a vida eterna.

12 Continue, de ânimo firme, buscando a vanguarda espiritual dos trabalhadores incansáveis do Evangelho da Redenção.

13 Nas linhas da retaguarda jazem sonhos mortos em nossos ídolos esfacelados, aspirações superficialmente frustradas e enganos sepultos na poeira de construtivos desencantos.

14 A sementeira da experiência e os temporais da ingratidão passaram violentamente sobre o nosso roteiro, entretanto, acima de todos os escombros de nossos desejos, arde a chama divina do amor que nos imanta as almas para sempre…

15 Não desfaleçamos… Para quem se eleva aos cimos da espiritualidade bendita, a experiência é doloroso processo de acrisolamento e regeneração.

16 Aceitemos a prova e a luta por instrutores de nossa peregrinação, no rumo de mais altos destinos.

17 Fácil é o repouso. Agradável parece a estagnação. Contudo, o descanso pode ser deplorável ociosidade mental e a demora, em certos campos de aprendizagem, habitualmente, significa atraso na jornada evolutiva.

18 O seu exemplo e a sua bondade, ainda e sempre, representam os alicerces de nosso equilíbrio.

19 Deus lhe abençoe todos os propósitos de renovação, conduzindo-lhe os passos para o serviço maior, junto da Humanidade. Pelos fios luminosos da inspiração segui-la-emos, cada dia, na justa planificação do porvir.

20 Anjo dos meus dias de reajuste, jamais olvidarei a renúncia com que me acompanhou, noite a noite, até que o Dia abençoado de minha ressurreição surgisse brilhante…

21 Em razão disso, estaremos sempre mais juntos, passo a passo, até que, no Templo da União Divina, possamos agradecer à dor o patrimônio de alegrias com que nos enriqueceu a caminhada para o Mundo Maior.

22 De pensamentos entrelaçados, jamais conheceremos a separação. Beija-lhe o coração abnegado, o filho que a segue de perto com vigilante amor,


Paulo


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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