O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Notáveis reportagens com Chico Xavier reproduzidas do jornal O Globo — Autores diversos


13


Emmanuel Kant? - Não, Emmanuel, apenas… — O depoimento de um médico “Não seria demais falar-se aí em histeria” — Um Espírito que escreve às avessas — Berlitz first book… — A carta em italiano — Emmanuel, poliglota

PEDRO LEOPOLDO,  †  12 — (Especial para O GLOBO, por Clementino de Alencar) — Durante a palestra que mantivemos, com Chico Xavier, no hotel, e de que nos ocupamos na correspondência anterior, fizemos também ao médium uma pergunta referente a Emmanuel, que é o seu protetor, o seu “Espírito-guia”, o “controleur” das comunicações com o Além.

Respondeu-nos Chico Xavier que esse Espírito se lhe manifestou em 1929 e daí por diante, nunca mais o abandonou em seus transes. Perguntamos ainda se esse protetor nunca dera, nas comunicações, seu nome inteiro, e citamos como exemplo, “Emmanuel Torres”, “Emmanuel Kant”…

— Não. Emmanuel jamais quis revelar sua identidade nesta vida. Diz que não lhe convém fazer essa revelação.

Adianta apenas que foi sacerdote [v. Sacerdote católico que fui]. Confessa-se, porém, amigo do médium desde outras vidas. “Prometeu ditar-me um livro — disse-me — do qual, aliás, já tenho recebido alguns trechos, mensagens várias, entre as quais duas intituladas “A subconsciência nos fenômenos psíquicos” e “Roma e a Humanidade”.”

As comunicações de Emmanuel são sempre reveladoras de cultura invulgar e Chico Xavier lembra-nos como deve ao seu Espírito-protetor algumas das suas mais interessantes revelações, como médium. Entre essas estão a mensagem em inglês a que já fizemos referência em reportagem anterior e uma página em italiano escrita de maneira muito curiosa (especular), por isso que o original só pôde ser lido com o auxílio de um espelho.

Perguntamos por esses originais em inglês e italiano. Chico Xavier infelizmente não os tem em mão, atualmente. Estão eles em poder do Doutor Rômulo Joviano, inspetor da Fazenda Experimental daqui e que, presentemente, se acha em regresso de uma viagem à Europa. Informa-nos, porém, o médium que em poder do Dr. Christiano Ottoni, médico aqui residente, poderão ser encontradas cópias das referidas mensagens devidamente autenticadas.


Com o S. Christiano Ottoni


Com aquela informação, fomos hoje procurar o médico citado.

O Dr. Christiano Ottoni, clínico de grande nomeada em toda esta zona de Minas e, ao mesmo tempo, cavalheiro de trato afabilíssimo e simpático, recebendo-nos, em sua própria residência, aquiesce gentilmente em servir o repórter, fornecendo-nos as cópias procuradas.

Na mesma ocasião, falando-nos sobre Chico Xavier, diz-nos o Dr. Christiano Ottoni:

— Conheço esse rapaz desde menino. O que se diz dele, quanto à instrução, é verdade; fez apenas os quatro primeiros anos do Grupo Escolar de Pedro Leopoldo. Depois disso, tem vivido sempre aqui, entre nós, entregue ao trabalho diário e, portanto, sem a possibilidade de conquistar uma cultura bastante apreciável como a revelada em muitas das mensagens que ele grafa. Esta, por exemplo, da qual o rapaz teve a gentileza de me enviar uma cópia.

E o Sr. Chtistiano Ottoni mostra-nos algumas páginas que constitui um interessante ensaio assinado por Emmanuel, sobre o “corpo espiritual” e a memória.


Fui seu examinador


Relembra a seguir o Dr. Ottoni ter sido um dos examinadores do 3º e 4º ano do Grupo Escolar, ao tempo em que ali Chico Xavier estudava. Teve assim ocasião de examinar o rapaz e conhecer um pouco de suas possibilidades intelectuais, que afirma serem grandes: a inteligência muito lúcida, superior à normal, excelente memória, grande poder de assimilação e presença de espírito. Apenas a instrução ficou em nível baixo, em relação àquelas faculdades.

Quanto à sua mediunidade, o médico, recusando qualquer crença no dogma espírita da comunicação com os mortos, acha:

— O caso, entretanto, merece estudo. E, se bem estudado, é provável que, mais dia menos dia, a psicanálise dê também sua explicação sobre o assunto. Há muito, nisso tudo, parece-me, uma questão de sexo. Não seria demais falar-se também, aí, em histeria. Aliás, em todos os casos de mediunidade essa palavra cabe. Ademais, o médium, sendo um descontínuo, apresentando-nos dois estados alternados, o normal e o anormal, apresenta-nos pois, além do primeiro, os fenômenos anormais do segundo. Ora, a ciência que não deixa de lado outros fenômenos assim qualificados, não há de abandonar também os problemas ditos espíritas.

É apenas uma questão de confiar-se nela e na sua mais ampla penetração futura, no rumo de todos os horizontes.

A mensagem em inglês


A mensagem em inglês a que nos referimos foi apanhada na sessão de 23 de novembro de 1933.

Como estivesse presente o Dr. Rômulo Joviano, que conhece aquele idioma, o Espírito-guia anunciou uma mensagem que, embora destinada a todos era, de certo modo dirigida àquele presente. E o médium psicografou o seguinte:


“LLEWRUOYEH

TFOSDNEIRF

YNAMEVAHUO

YNEMEHTOTE

POHDNAHTUR

TEGRALYREV

YLURTSIESU

OHSREHTAFS

UORENEGRUO

SREHTORBYM”


Meus amigos, boa saúde e paz. Penso que se enfileirardes inversamente as minhas letras, elas vos revelarão o meu pensamento. Paz a todos nós. — (a) Emmanuel.

As letras foram enfileiradas ao inverso e se obteve a seguinte mensagem:


“My brothers,

Our generous Father’s House is truly very large.

Truth and hope to the men.

You have many friends of the your well.”


Traduzindo-se:


“Meus irmãos,

A Casa generosa de Nosso Pai é, em verdade, muito vasta.

Verdade e esperança aos homens.

Tendes muitos amigos do vosso Bem.”

O erro e uma pergunta


Ficando com a mensagem em seu poder, o Sr. Rômulo Joviano deu logo com um erro, naquele “the” antes do “your”. [v. cap. 20]

Por isso resolveu, mais tarde, conforme já narramos, interpelar o “Espírito-guia” a respeito, compondo então estas perguntas também em inglês:

“We do not understand very well the last sentence. Ist it wel being? Why the article THE? Is it spring? Ist it only to complete the hundred words?” n


A resposta


A resposta dada por Emmanuel e grafada ainda em inglês pelo médium foi a seguinte:

“My dear and studious friends.

Good health and peace. Answering what you had asked me. I will Write my letter written the wrong side, word. My brothers: Our Generous Father, for word. House is truly very large. Truth and hope to the men. You have, many friends of the your well.

You must to make an excuse at the mistake of my writing here are an english teacher. I am not master, bust, unable pupil. This work is very difficult and our idiom is the thought. There is needy understand the truth, you who are in the world. My friends, the death is not the naught. Why the life is everywhere, but your friend form the beyond, they are not able to come whatever. You may have besought at God T’is not arrived. Hope is good. Patience is a virtue prettier and better than gold.

My brothers, in the earth, generally, the foolish men are they, it is only the poverty five senses, but we have the spring from infinity.

With God you will be happier and wiser. Here are the lessons. The key of the door from heaven is in the and of he peacemaker.

Believe to do well herself. I do not know anything to speak. Good by. — Emmanuel.” n


A mensagem em italiano


A mensagem em italiano recebida ainda naquele mês de fevereiro de 1933 é também de Emmanuel e grafada da mesma maneira curiosa que a precedente.

Ei-la:

Buona Salute. Mi allegro de potervi parlare, ma prima di tutto deggio ringrazziare a Dio, lasciandovi anche i miei sentimenti amichevoli tropo sinceri. Pernonnatemi si vi tengo come miel fideli amici. Mi chiamo Emmanuel, ma io non era figlio d’Italia. Sono vostro amico vecchio.

Bisognarebbero ció per sapete che siamo com voi? Perché i che giá non siamo prigioneri della Terra, non bisognamo delle lique umane. Nosta lingua é il pensiero. Qualcheduno vi a detto che tale manifestazione spiritiche sono utile per condurre la credenza quelli di vostri fratelli i quali non credono ancora. Ma sono deluso. Colla prove stessa non ci crederebbeto. Gl’uomini se sentono saggi colle piccoli cienzi o colle religioni dogmatiche.

Bisogno capire vostro doveri. Il laboro dello Francesco é fissato; voglio appena dimostrarvi che l’Immortalitá é la vertá; non teniamo colori o aggetivi per pingerla. Aspettate colla pacienza. Conservate in vostra anime fiori della speranza; per molti di vas tri fratelli l’orgoglio é tutto. A eglino viene la luce per lo camino delle grandi dolori. Sotto gli pianti sono le luci che rischiarono la su conocenza icordatevi che gli scolari i fancliulli ubbidiscono al loro precettote. Ieri cravte cattivi, oggi siete meggioti i dimani sarete buoni.

Adio, non dimentichiate vostri doveri giamai. Sai lode a Dio. Oggi come altrevolte vostro amico i fratello piccolo i povero. — Emmanuel.

Gl’esempli per le piu sono megiori delle parole.” n



[1] “Não entendemos muito bem a última sentença. Está bem colocada? Por que o artigo THE? É para encompridar e então completar cem (100) palavras:” Evidentemente, houve um engano do Sr. Joviano ao se referir a cem palavras, quando o texto mediúnico apresenta-se com (113) letras.


[2] Este texto apresenta alguns trechos que deixam dúvidas quanto ao sentido exato que Emmanuel tentou transmitir em inglês, podendo ter havido alguns enganos quando da cópia do original psicografado. Assim sendo, a tradução que se segue, em alguns tópicos, é mais uma interpretação do texto do que propriamente uma tradução:

“Meus queridos e estudiosos amigos. Boa saúde e paz. Respondendo o que me perguntastes, a respeito da minha mensagem em que as palavras foram todas escritas de trás para a frente, e na qual afirmei: “Meus irmãos, a Casa generosa de nosso Pai é, em verdade, muito vasta. Verdade e esperança aos homens. Tendes muitos amigos do vosso Bem.”

Peço-vos desculpas pelos erros cometidos em minha escrita; há aqui um professor de inglês. Não sou mestre, mas aluno inábil. Este trabalho é muito difícil e nosso idioma é o pensamento. É preciso entenderdes a verdade, vós que estais no mundo. Meus amigos, a morte nada é. Porque há vida em todos os lugares, e seu amigo integra o Além com aqueles que não podem estar presentes. Deveis ter suplicado a Deus e ela não veio. É bom ter esperança. A paciência é uma virtude mais bela e melhor que o ouro.

Meus irmãos, na Terra geralmente os homens tolos têm apenas a pobreza dos cinco sentidos, mas nós temos a fonte do infinito.

Com Deus sereis mais felizes e mais sábios. Eis as lições. A chave da porta do Céu está em mãos do Pacificador.

Acredito que ela está bem. Não tenho nada mais para falar. Adeus. — Emmanuel.”

(Notas do Organizador, com traduções realizadas gentilmente pela professora e tradutora Marina Leite Denardi, de Araras, SP.)


[3] Tradução:

“Boa saúde. Estou contente por poder falar com vocês, mas antes de tudo devo agradecer a Deus, deixando também os meus sentimentos amigáveis, muito sinceros. Desculpem se lhes considero como meus amigos fiéis. Chamo-me Emmanuel, mas não sou filho da Itália. Sou um velho amigo de vocês.

Precisaria disto para saberem que estamos com vocês? Porque, como já não somos mais prisioneiros da Terra, não precisamos da linguagem humana. Nossa língua é o pensamento. Alguém disse a vocês que tais manifestações espíritas são úteis para conduzir à crença os seus irmãos que ainda não creem. Mas me desiludi. Mesmo com uma prova não acreditariam. Os homens se sentem sábios com a pequena ciência ou com religiões dogmáticas.

É preciso entender os seus deveres. O trabalho de Francisco (Cândido Xavier) foi determinado; quero somente demonstrar que a Imortalidade é a verdade; não precisamos de cores ou adjetivos para ilustrá-la. Esperem com paciência. Conservem nas suas almas as flores da esperança; para muitos dos seus irmãos o orgulho é tudo. Para eles chega a luz pelos caminhos das grandes dores. Atrás do pranto está a luz que clareia os seus conhecimentos. Lembrem-se de que os alunos e as crianças obedecem aos seus professores. Ontem vocês eram ruins, hoje são melhores e amanhã serão bons.

Adeus, não esqueçam jamais os seus deveres. Que Deus seja louvado. Hoje e sempre, seu amigo e irmão pequeno e pobre, Emmanuel.

Os exemplos, geralmente, são melhores do que palavras.

(Trabalho realizado gentilmente por amigos tradutores da Itália através das Casas Fraternais “O Nazareno”, de Santo André, SP. — Nota do Organizador.)


Clementino de Alencar


Abrir