O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Ninguém morre — Familiares diversos


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“Filha querida, Deus a abençoe”

1 Querida Haydée, Jesus nos abençoe.

2 Estamos aqui para trazer-lhe o nosso carinho.
Estou auxiliada a fim de grafar algumas frases em que lhe diga quanto a amamos.

3 O nosso querido Jarbas e o amigo José Lourenço, o irmão Francisco de Bastos, a Naiá e a Ninfa Batista, o Segismundo Batista e o Joaquim Firmo com o amigo Damião Peixoto estão aqui conosco.
O Odir está chegando…

4 Desejava oferecer a você esta visita do coração, porque surgem tempos na Terra em que o coração se acredita a sós, o que não é verdade.
Deus tem sempre alguém para estender-nos amizade e auxílio…

5 Fui eu mesma quem provoquei em seus sentimentos o desejo de vir até aqui, pois desejava reafirmar no seu coração querido de filha que a morte não existe.

6 Você, querida filha, o José, Sisenando, a Célia, o Tasso, o Paulo, o Décio e todos os nossos vivem comigo, porque sei que vivo também com vocês.

7 Lembro-me de sua fase de criança, quando íamos em passeio, para ver a casa do Pedro Mestre e de outros companheiros que viviam em nossa amizade.
Lembro-me do Manoel da Cega, Sant’Anna das Antas com roupa de Anápolis mudou tanto, mas o amor não sofreu qualquer alteração.

8 O nosso mundo revive onde nos achamos, no qual os nossos laços afetivos conquistam sempre mais luz.
Você se lembrará de quando sua mãe ia ao encontro das professoras Belisária Corrêa e Esther Campos, buscando sempre orientação para os familiares do “estado menor” da família.

9 Pois creia você que lhe trago o meu carinho, enfeixando de muitas saudades e de muitas preces por sua felicidade.

10 Querida filha do meu coração, fique com Deus.
O Jarbinha veio ao nosso encontro e lhe beija a face com a alegria de sua presença.

11 E com os votos de seu pai e do Odir, por sua saúde e sua felicidade, reponho você em meu colo para repetir-lhe:
— Filha querida, Deus a abençoe.

12 Muito carinho, com toda a alma reconhecida e confiante da mamãe


Dinah n

Maria Dinah   




O AMOR NÃO SOFREU QUALQUER ALTERAÇÃO


Graças à gentileza do amigo Sr. Weaker Batista, conseguimos, não somente a mensagem impressa do Espírito de D. Maria Dinah Crispim Jayme, recebida pelo médium Francisco Cândido Xavier, na madrugada de 16 de maio de 1981, no Grupo Espírita da Prece, em Uberaba, que constitui o capítulo anterior — “Filha querida, Deus a abençoe”, — quanto, para gáudio nosso e de nossos leitores, os dados biográficos completos da Autora Espiritual, num depoimento assinado pela destinatária da mensagem — Sra. Haydée Jayme Ferreira, — distinta escritora e jornalista anapolina.

Eis o que nos diz a ilustre representante das letras goianas, sobre a sua inesquecível genitora:


“Maria Dinah Crispim Jayme nasceu na Vila de Sant’Ana de Antas, hoje Anápolis, Estado de Goiás, a 5 de junho de 1898.

Era filha de Antônio Crispim de Souza e de Maria Elisa Crispim.

À falta de médicos na vila, Antônio Crispim, que possuía conhecimentos intuitivos de medicina, atendia a todos os moradores, percorrendo também a zona rural, aonde levava o lenitivo aos sofredores.

A nossa flora medicinal contribuía com os ingredientes com os quais fabricava seus medicamentos.

Instalada a vila em 1892, e eleito o primeiro Conselho Municipal, sendo Antônio Crispim o conselheiro mais votado, foi escolhido presidente do referido Conselho.

Maria Elisa Crispim, mãe de Dinah, era mulher de larga visão.

Chegando à vila e tomando conhecimento de que as jovens ali residentes eram analfabetas, abriu uma escola primária particular, levando a luz do conhecimento às antenses.

Quando se criou na vila a escola pública, foi Maria Elisa nomeada professora.

Maria Elisa achou que os ensinamentos primários eram insuficientes e, como na vila não existiam outras escolas, enviou suas três filhas mais novas — Maria Dinah, Joana Juraci e Ana, — para Pirenópolis, ao Colégio Imaculada Conceição, dirigido por uma congregação de freiras espanholas.

No Colégio Imaculada Conceição, Maria Dinah aprendeu, entre outras coisas, o francês, língua bastante ensinada naquela época, e que ela chegou a falar, fluentemente.

Foi lá que conheceu aquele que seria seu futuro marido.

Casou-se, a 5 de junho de 1915, em Anápolis, com Jarbas Jayme, que, entre os cargos de funcionário público, professor e jornalista, foi historiador, com muitas obras publicadas e outras ainda inéditas.

Depois de casada, Dinah continuou seus estudos de música, que havia iniciado no colégio, com o mestre conhecido como Zé do Ó.

Solfejava, à primeira vista, qualquer partitura musical que lhe apresentassem.

De voz belíssima, foi solista nos coros das Igrejas de Anápolis e Silvânia (Bonfim), onde residiu, de 30 de novembro de 1933 até 28 de janeiro de 1938.

Possuidora de pendores artísticos, Dinah era exímia costureira, florista, crocheteira e bordadeira, quer à mão, quer à máquina.

De seu casamento com Jarbas Jayme, falecido a 21 de julho de 1968, nasceram:

José Sisenando Jayme — residente em Goiânia; Sisenando Gonzaga Jayme — residente em Anápolis;

Jarbas Jayme Filho — falecido em Anápolis, a 22 de abril de 1964;

Célia Jaime — residente em Anápolis; Tasso Jaime — residente em Goiânia; Paulo Jaime — residente em Anápolis;

Haydée Jayme — Ferreira — residente em Anápolis;

Décio Jaime — residente em Goiânia.

Faleceu Maria Dinah Crispim Jayme em Anápolis, no dia 11 de setembro de 1947.




“Sempre cultivei enorme veneração e admiração por mamãe.

“Contava entre 4 e 5 anos e ficava em volta de mamãe, quando ela solfejava partituras musicais de missas, para depois ajudar o mestre Antônio Branco a ensiná-la às cantoras do coro da Igreja de Sant’Ana.

“Mamãe solfejava, cantando os nomes das notas, e eu, colada nela, aprendia também.

“Quando chegavam visitas em nossa casa, eu começava a solfejar e as visitas se pasmavam com meus “conhecimentos musicais” em tão tenra idade…

“Foi com mamãe que aprendi certos bordados, como “richilieu”, ponto aberto e matiz.

“Ela também me ensinou as primeiras traduções e regras gramaticais de francês.

“Em Bonfim, onde vivi dos 7 aos 11 anos, era muito chegada ao misticismo.

“Mamãe jamais deixou de viver cercada de flores. Mesmo morando em casas alugadas, formava sempre seu jardim.

“Quando morávamos numa casa de propriedade de D. Domitila Louza, mamãe, dispondo de muito espaço, formou um belíssimo jardim, onde havia gerânios, rosas, chuvas de prata, açucenas, margaridas, violetas e várias outras flores.

“Levada pelo meu misticismo e aquela indubitável crença infantil, costumava escrever cartas para Deus e colocá-las entre os gerânios do jardim.

“Mais tarde, ia averiguar e percebia que Deus já havia recolhido as cartas.

“Alguns pedidos, os mais simples, eram atendidos.

“Muitos anos depois foi que descobri quem recolhia minhas cartas: era a mamãe.

“Em 1947, residíamos em Anápolis, na Avenida Goiás, meus irmãos Sisenando, Célia, Paulo e eu.

“Mamãe morava em Goiânia, com meu irmão José e estava em Anápolis a passeio, hospedada em casa de Célia.

“No jardim da minha casa havia duas roseiras: uma chamada Rosa Mármore, grande e muito branca; outra de nome Bola de Neve, de tamanho médio, de um branco meio creme, que produzia penca de flores.

“De manhã, no dia que seria o de sua morte, mamãe esteve em minha casa e se deslumbrou com minhas roseiras, cobertas de flores de ponta a ponta, e me disse:

“— Vou pedir ao compadre Chiquito Garcez pra tirar um retrato de D. Maria e de mim debaixo destas roseiras.

“À noite, colhi todas as rosas e as depositei sobre o corpo de mamãe, em seu esquife.

“Em a noite de 11 de setembro de 1947, todos os filhos de mamãe, residentes em Anápolis, estávamos reunidos a ela, em casa de Célia.

“A mim e à minha cunhada Ruth X. Velasco, mamãe ensinava um trabalho manual chamado nhanduti, enquanto os outros conversavam.

“Nenhum sinal de doença.

“Nenhum prenúncio de morte.

“Muita alegria e amor.

“Despedimo-nos todos às 22 horas, indo cada uma para sua casa.

“Mais ou menos às 22:30 horas, Célia nos chamou: mamãe estava passando mal.

“Meu marido Odir e meu cunhado Dilico foram buscar o médico, mas mamãe afirmou:

“— O médico não chegará a tempo. Sei que vou morrer.

“Era edema agudo dos pulmões.

“A morte de mamãe revestiu-se de coragem e fé em Deus.

“Enquanto o médico não chegava, mamãe, já morrendo, pediu a mim e à Célia, que estávamos ajoelhadas e desesperadas, que lêssemos, em seu livro de orações, a de Santa Maria Eterna.

“Em nosso nervosismo, não encontrávamos a página certa, mas mamãe, já com os olhos dançando nas órbitas, tomou o livro, abriu-o e no-lo entregou.

“Enquanto tentávamos ler, ela balbuciava:

“— Jesus, Maria e José, eu vos dou meu coração e minh’alma. Jesus, Maria e José, assisti-me na última agonia!…

“Quando os médicos, Dr. Xavier de Almeida Júnior e Dr. Bernardo José Rodrigues chegaram às 23 horas, mamãe já estava morta.

“(a) Haydée Jayme Ferreira.”  


Ainda com as palavras de D. Haydée Jayme Ferreira, vejamos o desfile de nomes citados na mensagem, o que, por si só, a nosso ver, é a mais inconcussa prova de autenticidade mediúnica:

1 — José Lourenço Dias: amigo inseparável de papai.

2 — Francisco da Luz Bastos: pirenopolino que montou, em Sant’Ana de Antas, a primeira casa comercial, transferindo-se para cá, em 1872.

3 — Naiá, Ninfa e Segismundo Batista: todos falecidos, filhos de Zeca Batista.

4 — Joaquim Firmo de Velasco: falecido em agosto de 1947, alguns dias antes de mamãe, e avô de minhas duas cunhadas Ruth e Beth.

5 — Damião Alves Peixoto: viveu em Anápolis, no final do século passado e início do século atual, sendo cunhado de Moisés Augusto de Santana.

6 — Pedro Mestre é Pedro Martins, também conhecido por Pedro Baio. Foi professor de primeiras letras, com escola situada na Rua Primeiro de Maio.

7 — Manuel da Cega: Não conheci, mas fui informada de que se trata de um sapateiro, conhecido de meus irmãos.

8 — Belisária Corrêa é D. Bilica, viúva de Alaor de Faria, professora aposentada, que ainda vive.

9 — Esther Campos Amaral: professora primária, falecida.

10 — Jarbas Jayme: meu pai.

11 — Jarbinha: meu irmão.

12 — Odir: meu marido, falecido a 4 de abril de 1975.

13 — Maria Dinah Crispim Jayme: minha mãe, nasceu a 5 de junho de 1897, e faleceu a 11 de setembro de 1947, estando eu com 21 anos.  n


Temos certeza: se o prezado leitor voltar ao início deste capítulo 25 [no livro impreso] e relê-lo, agora, há de querer, pelo pensamento, percorrer os jardins da Espiritualidade Superior, alguns deles entrevistos por D. Maria Costa Victoi, em suas experiências fora do corpo físico, como no Capítulo 2 deste livro, e por D. Luíza Maciel de Almeida, no Capítulo 10 de Quem São n somente para colher duas braçadas de flores e, em seguida, depositá-las nas mãos do Espírito de D. Maria Dinah e do médium Francisco Cândido Xavier.

E, se fosse possível, colher uma terceira braçada de flores espirituais — belíssimas flores — destinadas às mãos benditas do ínclito Codificador do Espiritismo Allan Kardec.


Elias Barbosa



[13] No impresso da mensagem, logo abaixo dos nomes citados, D. Haydée colocou a seguinte nota, apondo-lhe a assinatura: “Pemiti a publicação desta mensagem.”
Verifique o leitor que, no depoimento, o ano de nascimento de D. Maria Dinah é 1898. (Elias B.)


[14] Francisco Cândido Xavier, Elias Barbosa e Espíritos Diversos, Quem São, 3ª edição, Julho/1982. IDE, Araras (SP), pp. 59-64.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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