O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Na hora do testemunho — Autores diversos — F. C. Xavier / J. Herculano Pires


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Do arquivo de Emmanuel

Francisco Cândido Xavier


Estávamos de viagem para longe do lar, quando um grupo de irmãos surgiu ao nosso encontro. Companheiros em prova de dificuldades. Solicitavam alguns momentos de prece. Entretanto, a condução nos aguardava para tarefas à distância. Mesmo assim, oramos por alguns minutos rápidos e buscamos instruções em O Evangelho Segundo o Espiritismo.


Aberto o livro, o item 12 do capítulo V convidou-nos à meditação e à troca de ideias, o que fizemos na pequena faixa de tempo de que dispúnhamos. Não havia ensejo para psicografia, mas o nosso amigo Emmanuel nos permitiu retirar ao acaso, do arquivo de suas comunicações, uma mensagem recebida há tempos. E essa foi a página que o nosso benfeitor espiritual intitulou por Bênçãos Ocultas. Tão oportuna se nos fez essa página, que a enviamos às suas mãos, de vez que todos nós concordamos em solicitar o seu concurso de sempre, para que a tenhamos com os seus preciosos apontamentos no “Diário de S. Paulo”, se possível.


Guardando a certeza de que o prezado amigo nos dispensará a sua atenção costumeira, e agradecendo antecipadamente, sou o seu de sempre pelo coração: (a) Chico Xavier.




Bênçãos Ocultas


Emmanuel


1 Todos necessitamos de reconforto, nos dias de aflição.

2 Isso é justo. Por outro lado, porém importa reconhecer que a Providência Divina não nos dá dificuldades sem motivo.

3 Entendendo-se, pois, que o Senhor jamais nos abandona às próprias fraquezas, sem permitir venhamos a carregar fardos incompatíveis com as nossas forças toda vez que escorados em nossas tribulações, fujamos de usar a consolação, à maneira de flor estéril.

4 Aproveitemos a bonança que surge depois da tormenta íntima para fixar a lição que o sofrimento nos oferece.
Não nos propomos, sem dúvida, elogiar os empreiteiros de contrariedades e os fabricantes de problemas, no entanto é preciso certificar-nos com respeito às vantagens ocultas nas provações que nos visitam.


5 Quem poderia adivinhar a que abismos nos levaria o amigo menos responsável, a quem nos confiamos totalmente, se ele mesmo não nos desse a beber o fel da desilusão com que se nos descerram os olhos para a verdade?

6 Quem conseguiria medir os espinheiros de discórdia em que chafurdaríamos o espírito, não fossem as decepções e lutas suportadas por nossa equipe de trabalho, a nos ensinarem a união imprescindível para a senda a palmilhar?


7 Ingratidão, em muitos casos, é o nome da benção, com que a Infinita Misericórdia de Deus afasta de nós um ente amado, para que esse ente amado, por afeto em descontrole não nos induza a desequilíbrio.

8 Obstáculo no dicionário da realidade, em muitas ocasiões, significará apoio invisível para que não descambemos na precipitação e na improdutividade.

9 Pranto e sofrimento exclusivamente para lamentar e desesperar seriam apenas corredores descendentes para desânimo e rebeldia.


10 Chorar e sofrer, sim, mas para reajustar, elevar, melhorar, construir.

11 Nossas provas — nossas bênçãos.

12 Reflete nos males maiores que te alcançariam fatalmente se não tivesses o socorro providencial dos males menores de hoje e reconhecerás que todo contratempo aceito com serenidade é toque das mãos de Deus, alertando-te o coração e guiando-te o caminho.




A Taça da Desilusão


Irmão Saulo


As dificuldades e os dissabores que nos surgem pela frente não nascem por acaso. São como flechas que partem de um arco em direção de um alvo. Têm um sentido, que precisamos compreender, trazem-nos uma mensagem que precisamos decifrar. A taça de fel da desilusão não pode ser afastada, como não o foi nem mesmo a de Jesus, pois o seu amargor é remédio de que carecemos para livrar-nos de males maiores.


Se os amigos e companheiros que hoje nos traem, que se voltam contra nós, esquecidos de quanto lhes servimos em tantas oportunidades, e não raro de maneira inexplicável e injustificável, do que seriam capazes amanhã ou depois? É melhor que nos ofereçam o quanto antes a taça da desilusão, o fel da decepção. A vida terrena é rápida, como ensina o item citado de O Evangelho Segundo o Espiritismo e na sua rapidez saldamos em pouco tempo velhas dívidas que levaríamos séculos a pagar na vida espiritual. Muita gente se queixa de que a traição venha de parentes e amigos, dos próprios companheiros de trabalho. Mas de onde poderia vir, senão precisamente daqueles que marcham ao nosso lado?


Deus escreve direito por linhas tortas, diz o conhecido provérbio. Nossas provas, nossas bênçãos — escreve Emmanuel. Para o espírita, as ocorrências da vida, por mais nefastas que possa parecer, têm sempre um sentido oculto que é a bênção oculta da mensagem de Emmanuel. É no Espiritismo que a tese da Providência Divina se justifica e se comprova, mostrando-nos que a mão de Deus traça o roteiro da nossa evolução: O homem põe e Deus dispõe. O homem se engana, mas Deus o desengana. Seria absurdo protestarmos contra as medidas providenciais de Deus em nosso favor. É melhor romper-se um tumor do que alastrar-se a sua infecção por todo o organismo.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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