O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Militares no Além — Autores diversos


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Vamos para a frente sem desânimo e sem vacilações

17/04/1946


1 Meu prezado Aurélio, minha prezada Julinha, que Deus abençoe a ambos nas lutas redentoras da experiência material.

2 Venho, meu caro amigo, atendendo-te o justo desejo de confabular ainda com referência aos problemas da Cruz, que nos absorve grande zona de idealismo edificante. Não temas as dificuldades que vão surgindo à margem dos caminhos de realização. As diretrizes superiores daqueles que te foram predecessores na Provedoria não faltarão no instante oportuno.

3 Compreendo que as questões se multiplicam. O quadro atual, de alguma sorte, é bem semelhante à paisagem de 1890, quando a eclosão das ideias renovadoras da República nos compelia a diversas transformações. Graças à Inspiração Divina, Aurélio, não houve solução de continuidade na execução de nosso ministério de providência. 4 Quando mais acesos se faziam os combates ideológicos entre monarquistas e republicanos, conservadores e liberais, católicos e positivistas, conseguimos à força de persuasão espiritual manter Cruz dos Militares como ilha de refúgio e segurança, batida, embora, pelos vagalhões da opinião pública, desvairada ante os impulsos de mudança integral no regime e nas instituições mais veneráveis. 5 O próprio Deodoro conservou diante de nós a posição respeitosa que o nosso velho e tradicional instituto exigia. A Cruz, amparada por ele e por outros beneméritos da política administrativa, cresceu e frondejou como árvore acolhedora e sagrada, a cuja sombra tantos corações encontram reconforto e carinho. Não te preocupes, pois, demasiadamente perante os problemas da hora que passa. Muitos amigos de nosso Plano cooperarão contigo para que as defesas se façam eficientes e menos vulneráveis. 6 Mantém o teu espírito de resolução e trabalho atento às inspirações que fluem “de Cima” e concretizarás, em nome de nossas mais nobres esperanças, o programa de serviços a que nos consagramos com toda a alma. Dá-nos ainda e sempre a tua receptividade espiritual; através da inteligência e do esforço perseverante, do impulso de sacrifício e de amor à causa, e tudo processar-se-á normalmente.

7 A época é de muitas medidas renovadoras lá fora, onde os políticos sempre continuam experimentando as teorias de socialização e de controle dos interesses nacionais. Entretanto, cá dentro, na intimidade de nossos trabalhos, a continuidade não pode sofrer grandes alterações.

8 Ao antigo círculo de benefícios eventuais, à guisa de esmolas, sucedeu-se na Cruz o regime pensionário, que precisamos melhorar e aperfeiçoar sempre. Ainda que o Governo Central decrete disposições sobre o capital das instituições beneficiárias, medidas surgirão que garantam a nossa orientação no serviço de amparo aos descendentes dos companheiros que confiaram em nós. 9 Não guardes qualquer dúvida ou preocupação, a Cruz é também um grande e abençoado lar de nossos filhos — filhos de todos nós, que nos devotamos ao ministério da ordem. Ainda que o idealismo nobre de certos pensadores veneráveis não compreenda toda a missão do homem da espada, esse homem, reservado muita vez aos duros labores da responsabilidade, é o sacerdote que sustenta o direito de viver sob a luz da justiça. 10 O soldado, portanto, tem o seu lugar destacado nas forças que alicerçam a vida humana. Que determinados grupos se entreguem em nosso país ou em outras nações ao instinto de domínio, isso não quer dizer que as classes armadas sejam menos amparadas pela Inspiração Divina na solução de seus problemas e no exercício de seus deveres. Jesus há de abençoar-nos, desse modo, o propósito de caminhar avante na execução plena de nossas obrigações.

11 Nesse sentido, isto é, compreendendo que muitas vezes serás defrontado por enigmas e questões de interesse imediato, aconselho-te a oração em silêncio nos ofícios religiosos das sextas-feiras. Nestes dias, o número de companheiros espirituais que visitam o templo é sempre maior, por ser também maior o número de necessitados que aí procuram os benefícios da fé. Geralmente, em tais ocasiões, um de nós outros, os que te precederam a administração, comparece em espírito para cooperar. Em vista disso, nessas oportunidades, será mais fácil receberes as nossas ideias e arquivá-las com o necessário proveito para que se concretizem no instante exato. Vamos para a frente, sem desânimo e sem vacilações!

12 Julinha, a nossa velha amiga veio comigo e abraça-te! n É a tua companheira fiel, que continua ao teu lado no serviço de amparo aos que se encontram na Terra sem a luz do corpo carnal. Que Deus te abençoe e te ajude nesta santa cooperação!

13 Aurélio, mais uma vez recebe o meu abraço de amigo e de companheiro. Não perderás migalha do valioso trabalho que vens desenvolvendo a benefício da Cruz. Chegará o momento em que observarás a colheita do bem que plantas bem disposto e feliz! Que nosso Senhor te ilumine as resoluções e te guarde o espírito, auxiliando-te em todos os minutos do ministério em que te encontras empenhado conosco! São os votos muito sinceros do meu espírito que te estima com afeição paterna,


Pêgo Junior



[1] Nota da Organizadora: Em referindo-se à Engracinha, tia de vovó Júlia, que a inspirou para os trabalhos em benefício dos cegos e que resultaram, como já mencionado em nota anterior, na transcrição, para o Braille, do primeiro dicionário em língua portuguesa.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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