O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

Índice | Página inicial | Continuar

Jesus no lar — Neio Lúcio


45


O imperativo da ação

1 Explanavam os aprendizes, acaloradamente, sobre as necessidades de preparação para o Reino Divino.

2 Filipe, circunspecto, salientava o impositivo da meditação. Tiago, o mais velho, opinava pelo retiro espiritual; os discípulos do movimento renovador, a seu ver, deviam isolar-se em zona inacessível ao pecado. 3 João optava pela adoração constante, chegando ao extremo de sugerir o abandono das atividades profissionais, por parte de cada um, a fim de poderem entoar hosanas contínuos ao Pai Amantíssimo. 4 Bartolomeu destacava a necessidade do jejum incessante, com abstenção de todo contato com as pessoas impuras.

5 Chamado à manifestação direta pela palavra indagadora de Simão, Jesus perguntou, nominalmente:

— Pedro, qual é a água que desprende miasmas pestilenciais?

— Sem dúvida, — respondeu o apóstolo, intrigado, — é a água estagnada, sem proveito. Sorridente, dirigiu-se ao filho de Alfeu, indagando:

6 — Tiago, qual é o peixe que flutua inerte na onda?

— É o peixe morto, Senhor, — redarguiu o discípulo, desapontado.

7 — Bartolomeu, qual é a terra que se enche de matagais daninhos à plantação útil?

O interpelado pensou, pensou e esclareceu:

— Indiscutivelmente, é a terra boa desprezada, porque o solo empedrado e áspero é quase sempre estéril.

8 O Mestre, evidenciando sincera satisfação, concentrou a atenção em Tadeu e inquiriu:

— Tadeu, qual é a túnica que se converte em ninho da traça destruidora?

— É a túnica não usada.

9 Endereçando expressivo gesto a Judas, interrogou:

— Que acontece ao talento sepultado?

— Perde-se por inútil, Senhor.

10 Logo após, assinalou com o olhar um dos filhos de Zebedeu e falou, mais incisivo:

— Tiago, onde se acoitam as serpentes e os lobos?

— Nos lugares em ruína ou votados ao abandono.

11 André, — disse o Cristo, fixando o irmão de Pedro, — qual é, em verdade, a função do fermento?

— Mestre, a missão do fermento é dar vida ao pão.

12 Em seguida, pousando nos companheiros o olhar penetrante e doce, acrescentou, bem humorado:

— O Templo está repleto de adoradores e a miséria rodeia Jerusalém. Se a luz não serve para expulsar as trevas, se o pão deve fugir ao faminto e se o remédio precisa distanciar-se do enfermo, onde encontraremos proveito no trabalho a que nos propomos? 13 O Reino Divino guarda o imperativo da ação por ordem fundamental. Sigamos para diante e propaguemos a verdade salvadora, através dos pensamentos, das palavras das obras e de nossas próprias vidas. 14 O Todo-Sábio criou a semente para produzir com o infinito. Desce do alto a claridade do Sol cada dia para extinguir as sombras da Terra. 15 Não é outro o ministério da Boa-Nova. Amar, servindo, é venerar o Pai, acima de todas as coisas; e servir, amando, é amparar o próximo como a nós mesmos. Pautar-se por estas normas, em nosso movimento de redenção, é praticar toda a Lei.


Neio Lúcio


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

Abrir