O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Jovens no Além — Familiares diversos — 1ª Parte


Augusto Cezar — 5ª Mensagem

— 19 de maio de 1975 —

1 Meu caro Flavão, n prezado amigo Duda e outros primos.

2 Deus nos inspire a conversa em casa. Papo informal querendo aproximação. É muita gente esperando por nós com vestido de anjo e muitos ficam abilolados n quando percebem que somos aqueles mesmos rapazes frajolas de pouca roupa.

3 Não corram de nós e fiquem na meditada com nossas madres.

4 Quando pintei por aqui julguei que iria pendurar as chuteiras, e o que achei foi os esculachos do lesco-lesco.  O negócio é isso. Acordei birutado e tive de organizar muitas daquelas de puxação com gente de bem para ver a melhora. 5 Perguntaram qual era o meu plá. Olhem pra mim. Fiquei naquela de agitado, depois dei o clarão e parti para outras. Era preciso sair do chá-de-cadeira e comecei a mudança.

6 Por isso, cupinchas meus, venho até vocês para dizer que não encontrei super-pai nem tutu-man. Fiz minha observada e vi todo mundo no basquete. Procurei meu lugar; dando início a coisas diferentes. Pega daqui, pega dali, dureza pra burro e vida nova.

7 Caso vocês queiram fornecer pra mim aquela escutada de irmãos, não fiquem no mais pra-lá do que pra-cá. Esqueçam traçados e goiabinhas. Tiro-a-esmo e bocas-quentes, comeretes e beberetes servem só para fajutar.

8 Não acreditem que eu esteja fazendo cafonália ou anotando aqui alguma de Nostradamus. Nem estou também com os macacos. O negócio é que não há caras mortos. 9 O pessoal e as patotas, o grupinho e as turmas estão aqui. Ninguém sobe dando guinadas de foguetes. Nem os astronautas, porque os astronautas foram obrigados a voltar para manjar forças novas. Estamos como éramos e ainda somos, procurando caminhos de renovar.

10 Vocês aí se estiram nas camas cada noite e morrem um pouco na mágica do sono e levantam-se cada manhã com o mesmo cenário; um céu muito azul quando está sem nuvens convidando a pensar e se chumbam no chão para dar o serviço. 11 Nós aqui, despertamos, fitando um céu muito mais azul, chamando para cima, entretanto, somos atraídos para baixo, a fim de trabalharmos em favor das cucas, especialmente dos amigos que ainda moram aí nas furnas do solo. O difícil é que temos o dever de plantar novas ideias nas cucas de que falo, como se fôssemos horticultores, cultivando plantas de Deus nesses vasos vivos. Temos, porém, tantos grilos no pensamento, que não é fácil desengrilar as ideias dos outros.

12 Vocês não fiquem parados aí, quando estamos entregando a vocês tantas palas. Entrar no batente do bem aos que se esforçam por um mundo melhor, para não entrarmos em canas. Por aqui, pitongueiros é o que não falta. Visitamos juntos os irmãos separados em grades n e aqueles outros que esperam a felicidade brotar para ter alegria. Crianças vimos pedindo, com os olhos, braços que as sustentem e muitas mães enxergamos, como se fossem nossas escravas, embalando os que estão nascendo para o futuro.

13 Primos e amigos, larguemos copos e copas, bocas de sombra e redes mansas e coloquemos nossas mãos nessa construção de paz e amor. Ninguém nasce feliz, ninguém nasce sábio. Tudo é produto de esforço que nos cabe guiar para o melhor em auxílio a todos.

14 Pra frente com o programa de melhoradas corretas. Somos aqui uma turma que engrossa a corrente. Grupo de paz e amor formado pelos que se cansaram de canja e água refrigerada.

15 Permitem os professores que se fale como nos entendemos, mas sem fofocagem e sem pornô. Inventamos canais de comunicação para alcançar vocês e estamos contentes, porque muitos companheiros estão ouvindo. Quanto possível, façamos força para aderir.

16 Compreendemos vocês. Não somos realmente os filhinhos desmamados, lembrando chupeta. Olhem aí, porém! porque continuamos e devemos continuar filhos de Deus, nas obras de Deus com nossos pais e com nossas mães. Ponham freio nas fantasias e procuremos agarrar a enxada do bem a todos e com todos. n

17 É muito a conversar e o tempo está dividido. Acabou-se a parcela de que dispunha e preciso pintar noutras bandas.

18 Agradeço à minha mãe ter trazido vocês. É verdade, ela guenta as pontas com vocês aí, carreando com alegria os corações amigos para as nossas preces e o servidor ainda muito fraco que sou, busco usar o sarrafo e quebrar os galhos. Boa vontade só.

19 Aquele beijo para mamãe — o meu pedaço de bom caminho para a Vida Superior — e para vocês todos, tchau. Até outra vista. Fiquem com Deus que tenho outros encontros na paróquia. Muito reconhecido, o primo pobre e o filho rico,


Augusto


COMENTÁRIOS


1 — Flavão — Flávio Rotta, primo de Augusto. Duda é o Eduardo Trindade Ferreira, amigo do Flavão. Ambos foram levados a Uberaba pela D. Yolanda, no sentido de buscar para eles uma orientação espiritual, a propósito dos problemas que vêm enfrentando.


2 — “Visitamos juntos os irmãos separados em grades” — na tarde que precedeu o recebimento da mensagem, Chico Xavier e algumas famílias presentes, incluindo o Flavão e o Duda, foram visitar os presos da Cadeia de Uberaba, visita que, próximo ao Dia das Mães, o querido Chico faz de rotina, aos presidiários da cidade, numa embaixada de luzes, em homenagem às suas mães anônimas, muitas certamente já desencarnadas.


3 — Este parágrafo todo se destina ao Flavão, que por várias vezes se dispôs a deixar o lar. Augusto o adverte de suas responsabilidades de filho.


A par desses elementos de revelação em que podemos identificar a pureza da mensagem transmitida pelo Chico, com a citação do apelido dos jovens, sem que dele tivesse conhecimento, encontramos alguns esclarecimentos a ambos em particular e aos jovens que de modo geral se envolvem nas ilusões da Terra, buscando o esquecimento de suas responsabilidades no álcool, no tóxico, no jogo e na ociosidade.

Embora vamos encontrar a gíria como recurso de linguagem mais comum no outro autor espiritual do livro — Jair Presente — nesta página do Augusto vemo-lo dirigir-se ao primo Flavão e ao Duda em identificação precisa com a linguagem destes jovens.

D. Yolanda disse-nos mesmo que não era hábito do Augusto prender-se às palavras e expressões aqui arroladas, sendo sua gíria mais suave e identificável com a mensagem anterior, a que denominou “Pedaço de Deus”. Ocorre que o Flavão e o Duda, bem como seus companheiros, se mostraram bem familiares com o linguajar do Augusto, que, em esforço de comunicação, buscou sintonizar-se na faixa de compreensão dos jovens ali presentes.

Aliás, é o próprio autor espiritual que nos diz quase ao término da mensagem, para justificar suas palavras: “Inventamos canais de comunicação para alcançar vocês e estamos contentes, porque muitos companheiros estão ouvindo.”

Mencionemos também conceitos expostos nesta mensagem, exemplos objetivos de como é encarada a vida no Plano Espiritual.

Assim, na sua simplicidade de expressão, Augusto diz que julgou que iria “pendurar as chuteiras” quando pintou por lá, mas encontrou muito trabalho. Mais adiante afirma que sem querer dar uma de Nostradamus, n“o negócio é que não há caras mortos”.

Cremos que do corpo da mensagem uma pérola de expressão merece ser separada, pela profundidade de seu significado. É quando Augusto diz: “Nós aqui despertamos fitando o céu muito mais azul, chamando para cima; entretanto, somos atraídos para baixo, a fim de trabalharmos em favor das cucas, especialmente dos amigos que ainda moram aí nas furnas do solo”.

Como vemos, o amor liga definitivamente as criaturas e dessa lei divina não nos podemos afastar. Quantos Espíritos sublimados descem à Terra para redimir almas queridas, ainda presas aos charcos do mundo. É o amor eterno unindo-nos uns aos outros na sustentação recíproca das forças espirituais.

Ao encerramento da mensagem, Augusto diz: “muito reconhecido, o primo pobre e o filho rico”. Primo pobre, entendemos, por não estar mais na Terra, na abençoada oportunidade de abraçar as lutas redentoras no mundo, e filho rico, por ter recebido de Deus o tesouro que sua mãe representa em amor e abnegação.


Caio Ramacciotti



[1] Obs. Para melhor compreensão de algumas expressões utilizadas pelo autor espiritual vide Glossário de gírias.


[2] Nostradamus — Miguel de Notredame, ocultista francês do século XVI.


Texto extraído da 5ª edição desse livro.

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