O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Intercâmbio do bem — Familiares diversos


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Miguel Elias Barquete

03 OUTUBRO 1962 — 21 JUNHO 1980

Fato curioso aconteceu com o Sr. José Barquete, pai de Miguel. De família libanesa católica, ainda solteiro teve uma visão: teria um filho e este morreria quando fosse ou retornasse de uma festa…

Tentando mudar o destino, evitou o casamento o quanto pôde. Mesmo casando, não se animava a ter filhos.

Com o nascimento de Miguel e Maurício, o pai passou a vigiar atentamente seus passos, evitando o quanto pôde a participação nas festas. E Miguel, quando desencarnou, retornava de uma festa…

Com a partida do filho, o desespero dominou a família, motivando-os a escrever para Chico Xavier.

Assim, iniciaram as viagens a Uberaba e, no dia 30 de janeiro de 1981, sem conseguirem entrar no Centro Espírita da Prece, foram chamados, na rua, para receber a primeira de uma série de mensagens.

“A mensagem veio nos trazer novas forças, a fim de partirmos para novas lutas; veio acalmar-nos e ensinar a confiar em Deus; veio confirmar que a missão do Miguel havia terminado na Terra, e que nos restam, agora, coragem, ânimo, fé em Deus e bondade para com o próximo.”

Miguel Elias Barquete nasceu em São Paulo, tendo desencarnado, também, na capital paulista.

Primogênito de José e Irene Iracema Barquete, completava, com o irmão Maurício, sua família, aqui na Terra.




MENSAGEM


1 Querido papai e querida mãezinha Irene, estou aqui no meu pedido de bênçãos e desculpas.

2 Compreendo quanto sofreram e quantos problemas lhes impus e, por esta razão, espero que me perdoem.

3 Estou escrevendo com o auxílio do vovô Miguel n que me requisitou o esforço bendito de lhes trazer alguma notícia.

4 Estou quase bem. Esse quase é uma longa esteira de saudades que me auxilia a passar de um mundo para outro.

5 Tudo se alterou tanto que desconheço a maneira de me expressar. Não é fácil criar imagens com as palavras do habitual, acerca do muito que descubro aqui, sem recursos para falar do maravilhoso em que me encontro.

6 Explico, no entanto, que esse maravilhoso se refere ao campo externo, porque me reconheço nas dificuldades de alguém que fosse conduzido a uma festa, experimentando lâminas de fogo no coração, lâminas de fogo na falta que se sente, da dor do desencontro imprevisto, do pranto estancado e do sofrimento de ansiar por um regresso impraticável, para confabular com aqueles que amamos:

7 Acima de tudo, o que me dói é a amargura que passou a morar no íntimo de papai, que esperou tanto do filho, que foi obrigado a se despedir.

8 Pai querido, peço-lhe coragem. O tio Miled n veio comigo e lhe pede paciência. Vovó Maria Leopoldina me acolheu nos braços e todos estamos a formular votos a Deus para que mamãe Irene e o senhor, com o nosso querido Maurício, estejam em paz. Não permitam que a tristeza nos ocupe a vida.

9 Pai querido, anote as tarefas abençoadas que estão brilhando a sua frente e, por favor, não me recorde com pessimismo e desânimo. Tudo reflorescerá em nossos caminhos.

10 O Maurício está aí conosco e todos contamos com a sua dedicação para recomeçarmos a idealizar de novo o futuro melhor que nos aguarda.

11 Mamãe querida, não julgue tenha eu sofrido com o choque.

12 Tenho a ideia de que a morte do corpo num carro em movimento deve ser a desencarnação em onda curta, porque para mim tudo se resumiu a um abalo forte na cabeça.

13 Por mais me decidisse a erguer os braços ou articular palavras, toda a tentativa resultou em fracasso, porque um torpor, de anestésicos em massa, me imobilizava de todo…

14 Quis estender algum socorro ao Paulo Francisco, n entretanto, o golpe que me atingiu não me proporcionou ensejo a qualquer manifestação.

15 Com o tempo é que despertei em outro lugar com a vovó Leopoldina e com o meu avô Miguel, a me ofertarem auxílio. Agora estou no quase bem.

16 As saudades se transformarão em esperanças, assim penso, e amparado pelas vibrações de amor e confiança dos pais queridos e do nosso Maurício, espero seguir para frente, colocando meus novos raciocínios na tarefa da preparação a fim de lhes ser útil.

17 Pai amigo, desculpe-me se saí de casa para lhe impor preocupações tamanhas… Creia que daria tudo para voltar atrás e aquietar-me em casa; no entanto, o vovô Miguel me afirma que o meu dia de voltar era aquele mesmo e, mais tarde, compreenderemos por que fui submetido ao constrangimento de máquinas frias e insensíveis.

18 Creio haver trazido as notícias possíveis. O mais importante para mim é que pude falar e rogar-lhes perdão e bênção.

19 Querido Maurício, rogo a você substituir-me ao lado de meu pai no trabalho. Ainda ignoro como conseguirei, no entanto, alimento as esperanças de continuar cooperando espiritualmente com os pais queridos em nossas realizações.

20 Não disponho de mais tempo, a fim de alongar informações.

21 Recebam, deste modo, com o nosso Maurício e com todos os nossos, um beijão do filho saudoso e agradecido.


Miguel Elias Barquete

30 de janeiro de 1981. 


Caio Ramacciotti

Paulo de Tarso Ramacciotti



[34] Miguel Barquete — avô, desencarnou em Ribeirão Preto (SP), em 1950.

[35] Miled Barquete e Maria Leopoldina, falecidos, respectivamente, em 1980 e 1935.

[36] Paulo Francisco Androzio — amigo que desencarnou no mesmo acidente.


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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