O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Esperança e alegria — Familiares diversos


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Rosângela Maria Sonvesso

17 de junho de 1959, São Paulo, SP. — 22 de agosto de 1981, São Paulo, SP.

Rosângela aos 22 anos estava fazendo pós-graduação em Matemática na Universidade de São Paulo (USP) e preparava-se já para o doutoramento, enquanto exercia o cargo de professora de matemática em escola secundária.

Alguns meses antes de seu falecimento, devido a um aneurisma cerebral, Rosângela fizera a sua mãe um pedido: se algum dia ela partisse, que entregasse uma joia recebida como presente de seu namorado Joel, para que ele a desse a sua filha, que algum dia haverá de nascer.

Este fato era apenas do conhecimento de sua mãe, dona Maria Helena e é mencionado nesta correspondência Inter-Planos de existência.

Dias antes do desencarne, comentou que, quando morresse, gostaria de receber flores do campo para enfeitá-la. E ela refere-se em agradecimento a isto, pois seus pais fizeram seu gosto.

Eles, após o recebimento desta primeira mensagem, ora publicada (já enviou mais seis), tornaram-se espíritas e passaram a trabalhar com maior força a benefício do próximo.


DEPOIMENTO


Estas são as palavras de sua mãe Maria Helena:

“Agradeço a Jesus, e peço a ele pelo nosso querido Francisco Cândido Xavier, pois foi através de sua bendita psicografia que pudemos reencontrar nossa Rosângela e assim criar novas forças para viver. Jesus o abençoe sempre.”


Maria Helena de Jesus Sonvesso


ESCLARECIMENTOS


Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Divino Santo Sonvesso e Maria Helena de Jesus Sonvesso.

Irmão: Carlos Roberto Sonvesso.

Tia Oneida, por parte do pai de Rosângela, e mãe de João Carlos.

Juliana Maria de Jesus, bisavó materna, desencarnada a 09 de julho de 1968.

Ângela Galli Sonvesso, bisavó paterna, desencarnada a 08 de fevereiro de 1956.


MENSAGEM


1 Mãe, abençoa-me! Sinto conosco a presença espiritual de meu pai, o papai Divino, que estimaria acompanhar-nos. Refiro-me a isso, porque não desejo possa ele se julgar esquecido.

2 Um ano transcorreu. Num momento qual este em que a vejo de mais perto, como que se rearticulam na memória todas as impressões do corpo, a desmoronar-se por falta de comando mental.

3 Aliás, para nós ambas, aquela queda súbita de forças não foi novidade. Tudo estava confirmado em meus pressentimentos. 4 Passei por vários sonhos, que mais se me afiguravam reencontros. Parentes queridos a me falarem da volta, amigos que me prediziam o despertar em nossa vida verdadeira.

5 Instantes surgiram em que parecia ainda sob a impressão de algum desequilíbrio, tão nítidas se me faziam as lembranças de quanto via e ouvia à distância do meu próprio corpo físico.

6 Quando me vi sem energias para sustentar a mim própria, no dia 19, compreendi sem a possibilidade de transmitir aos meus apontamentos que me abreviavam da fase terminal da existência breve.

7 Lembro-me que me conduziram ao hospital, de modo a verificar que providências seriam cabíveis para as melhoras positivas que me desejavam, e escutava-lhes as palavras referindo-se à violência do meu problema orgânico. 8 O desejo de me expressar era muito grande, mas não mais dispunha do controle da palavra e a única porta que me restava para a saída de mim mesma era a oração, a que me agarrei no silêncio, cortado pelos ruídos da enfermagem no tratamento de sustentação.

9 Mamãe querida, se não lhe foi fácil a despedida de sua criança que era eu mesma, aos vinte e dois janeiros de idade, para mim a separação foi uma cirurgia cruel. 10 No corpo não registrava qualquer dor, no entanto, por dentro de mim, palpitava o anseio de dialogar com os meus, sem a mínima chance para isso. 11 Não sabia o que fosse noite ou dia, porque tudo permanecia obscuro à minha visão. Achava-me sob espessa neblina que não me oferecia ensejo de intercâmbio com aqueles que mais amo.

12 Na manhã de 21 de agosto passado, notei que a nuvem que me cobria de todo se abria num lance estreito e, por semelhante abertura, vi a face da vovó Juliana, que me acenava, com carinho. 13 Assinalei uma alegria profunda no coração, porque não me sentia tão só, naquele estado avançado de quase libertação do veículo físico e, depois de muitas tentativas para o intercâmbio com a vovó Juliana, observei que me deslocava no leito, tornando-me mais leve… Ouvia as vozes discretas, as considerações aflitivas do papai e roguei a Jesus nos consolasse a todos, porque a minha hora havia chegado.

14 Benditos momentos! Revi todos os episódios de minha curta existência e lamentei não me fosse concedido mais tempo para continuar ao lado da família…

15 Entre preces e divagações, esperava, esperava… Até que vovó Juliana se me fez mais intensamente visível e me comunicou carinhosamente: “Minha querida Rosa, agora você vai para outro jardim. Um jardim de bênçãos em que muitas afeições nos aguardam.”

16 Pensamentos a me turbilhonarem no cérebro cansado, ainda formulei negativas: “Bisa querida”, mentalizei, “peça por favor a Jesus para que eu fique ainda… Minha mãe, o pai, o Carlos Roberto me esperam. A senhora que foi sempre maravilhosa, rogue ao Senhor me conceda mais tempo…”

17 A benfeitoria querida tomou a palavra, explicando-me: “Rosa, tudo estaria bem se você retomasse à saúde, mas compreenda… A ruptura de vasos importantes já se verificou… Filha querida, não se recuse à aceitação da lei de Deus. Pense. Você já está em oração fora de seu próprio cérebro… Não peça o impossível, e atendamos à certeza de que Deus nos oferece sempre o melhor!”

18 Então, mãe querida, chorei e me rendi àquele sono pesado com que me acomodei sem querer. 19 Observando-me partida em meus próprios sentimentos, ouvia o seu choro discreto e os gemidos do papai, no pranto que lhe corria dos olhos. 20 Experimentava o aroma das flores que me cobriam e descansava… Estava ali e não estava. Era eu mesma a marcar as impressões derradeiras na experiência física, no entanto, reconhecia-me hesitante, estranha e fora de mim…

21 Nada entendia da morte, mas depois vim a saber que vínculos invisíveis ainda me atavam ao corpo inerte e registrava, sem querer, aquele entardecer da mente no qual eu não sabia o que fosse dia ou noite, sombra ou luz. Por mim, o que me pareceu sono pesado se fez mais pesado ainda e perdi-me num silêncio total.

22 O despertamento veio, ao lado da querida benfeitora que me orienta o desligamento.

23 Não foi sem surpresa para não dizer assombro que me conscientizei a desencarnação. 24 Não precisei de muitas explicações, porque a bondade de Deus me dera dois dias importantes para meditar… 25 Ali no clima do hospital fizeram um curso rápido de transformação espiritual. Achava-me entre dois mundos diferentes, aquele que me fora familiar e o outro em que me cabia entrar sob outra forma.

26 O que choramos na intimidade, já sabemos, porque me via unida às suas aflições e o seu coração me percebia as saudades imensas. A dor do papai e do irmão querido repercutia dentro de mim, no entanto a querida bisa Juliana me tutelou inteiramente, recolhendo em meu benefício o comando de outros amigos. A querida nona Sonvesso me estendeu o coração e sua filha vai recuperando a espiritualidade em que preciso agora viver.

27 Mãe, agradeço-lhe tudo o que fez por mim, sou grata ao seu gesto, restituindo ao estimável Joel o presente valioso que, pelo valor, não deveríamos conservar conosco. E quanto possível, agradeço quando semelhante reconforto se me faz concedido, todas as atenções que ele me deu.

28 Agradeço, mamãe as suas flores. Perdoe-me se eu desejava as do campo. Imaginando-me não longe da partida, queria aquelas que houvessem nascido naturalmente na terra, cujo seio se abriria também para mim. Querida mãe, encontrei no mundo em sua presença, a minha melhor companheira. Receba meu reconhecimento com meu pai pelas orações que me ofereceram.

29 Recebi todos os ofícios da fé religiosa com veneração e alegria. Todas essas bênçãos me confortaram e por isso aqui me vejo com a nossa benfeitora afim de lhes agradecer por tudo o que recebi. Deus os recompense.

30 Ao querido irmão o meu abraço de carinho, esperando possa ele se realizar nos melhores empreendimentos na vida.

31 A tia Oneida não está sem proteção. Muitos amigos e parentes nossos estão auxiliando ao querido João Carlos.

32 Mãe, aqui estará o ponto final. Não posso delongar-me porque a emoção que me vem à cabeça e as recordações carregadas de saudades são muitas e muito densas as imagens que se formam por dentro de mim e por isso reúno-a com o papai e com o irmão querido no meu carinho e no meu reconhecimento.

33 Mãe querida, guarde os muitos beijos de sua filha, sempre sua filha e companheira de todos os dias, sempre a sua


Rosângela Maria Sonvesso


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