O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Esperança e alegria — Familiares diversos


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Luiz Ricardo Maffei

24 de fevereiro de 1957, Sorocaba, SP. — 21 de abril de 1983, Sorocaba, SP.

Luiz Ricardo, um jovem engenheiro eletrotécnico, faleceu de lupus agudo quando contava com 26 anos. Sua família é espírita há longa data: o dia 21 de abril de 1983, data de seu desencarne, coincide com os 27 anos de matrimônio de seus pais Maria José e Lourival, 10 anos que haviam se tornado espíritas e 33 anos que haviam se conhecido.

Apesar de todo conhecimento e compreensão, Lourival frequentemente encontrava-se em profunda depressão e a mensagem de Luiz Ricardo pode explicar as razões cósmicas dessa depressão e angústia, que atingem a humanidade em geral, oferecendo fontes de libertação.

A mensagem que publicamos a seguir é a 9ª de uma série de 13 mensagens. É interessante observar os relatos que faz em textos anteriores sobre seus estudos de grego e aramaico, a fim de entender o sentido de muitas das palavras pronunciadas por Jesus e que constam dos Evangelhos. Relata-nos cenas do Cristianismo Primitivo, em que “os seguidores de Jesus complementavam seus cultos do Evangelho com o trabalho manual para os remanescentes das vítimas das grandes perseguições”, sugerindo que “todas as casas ligadas ao nome de Jesus deveriam possuir o seu próprio recanto de trabalho para vestir os nus e alimentar os infelizes”.


DEPOIMENTO


Estas são as palavras de seu pai, Lourival:

“As palavras de Luiz Ricardo mostram-nos a excelente condição em que se acha, indicando a todos nós perspectivas do presente e do futuro a fim de que tenhamos bom ânimo na alegria do viver. Tem sido profundamente reconfortante termos nosso filho sempre presente, na certeza de sua elevação espiritual. Somos eternamente gratos ao amigo Chico Xavier.”


Lourival Maffei


ESCLARECIMENTOS


Esclarecimentos sobre o texto da mensagem:

Pais: Lourival Maffei e Maria José Neves Maffei.

Irmão: Mário Sérgio Maffei.

Através do Decreto nº 5.078, de 15 de Julho de 1985 o Prefeito Municipal de Sorocaba — Flávio Chaves — denominou Rua Luiz Ricardo Maffei a uma via pública da cidade.


MENSAGEM


1 Meu querido papai Lourival e querida mãezinha Maria José, o Senhor nos abençoe.

2 Papai Lourival, peço-lhe alegria de viver e contentamento de confiar. Acompanho os seus pensamentos de solidão e desejaria vê-lo mais otimista, tanto quanto a mãezinha Maria José, atualmente um tanto pessimista, quando o meu trio (eu, papai e Mário Sérgio) espera o conforto que dela lhe possa enviar. 3 Vejo em meus pais queridos a soma de duas tristezas que na equação é quase desespero. Tenhamos confiança. Estamos diante de um futuro imenso…

4 Papai, somos hoje remanescentes de muitas épocas transcorridas. Inegavelmente condicionados à estrutura do cérebro físico, não nos será possível na Terra, reconstituir o passado integral. Não suportaríamos semelhante empreendimento. O pretérito ficará, em nós, na forma de tendências que nos advertem quanto à necessidade de aperfeiçoamento das qualidades positivas que trazemos inatas e que precisamos burilar. Tudo muito vagarosamente, sem afronta ao espírito de sequência à evolução. Somos aí no mundo compelidos a viver e conviver com os outros na base do respeito às ideias que os outros possam suportar.

5 Ainda que algum conhecimento nos aflore ao discernimento aos tempos já vividos, é imperioso que saibamos guardar essa bênção com cautela, a fim de não causarmos preocupações aos demais.

6 Agora posso dizer-lhe, querido papai, que tenho realmente efetuado reconhecimentos, em companhia de alguns poucos aprendizes, inclinados a essas explorações proveitosas, aliando o nosso campo inconsciente ou semiconsciente aos lugares e situações que nos precederam o hoje que estamos vivenciando.

7 Circulando nós entre israelitas e romanos, durante muito tempo, tenho visitado regiões que de há muito tempo para cá aspirava reconhecer. Tudo isso, no terreno dos estudos, ocorre à base de revisão dos quadros que trazíamos na memória. 8 Revendo as telas movimentadas que nos são desdobradas à vista por instrutores eficientes, os fatos nos falam com tamanha eloquência que nos admiramos do mundo atual usufruir tantas vantagens e riquezas com uma quota de sofrimento que consideramos minimizada pela Misericórdia Divina, à face das causas delituosas que geraram ontem as dificuldades de agora.

9 Quando me refiro a hoje, ontem e agora, reporto-me a tempos longos e por vezes tão distantes do nosso entendimento humano que seria descaridade enumerar. 10 Consegui demorar-me por alguns dias em Israel e países limítrofes, quais a Síria, o Egito e a Jordânia e compreendi quanto progresso temos alcançado quanto às facilidades da civilização. 11 As guerras antigas foram cruéis em demasia para com os vencidos, sempre argolados ou marcados na condição de escravos com seus próprios descendentes para o resto da vida e, por vezes, por várias gerações…

12 Vi batalhas civis no Egito dos faraós, durante as quais, por bagatelas, o Nilo se cobria de cadáveres insepultos, entregues à sanha de crocodilos vorazes…

13 Babilônia era outro centro de iniquidade que o pensamento moderno não pode conceber. O devedor insolvível era entregue a fúria dos credores que os transformavam em alimárias. 14 Muitas mulheres, que hoje consideramos por senhoras respeitáveis dos nossos grupos sociais, tinham os olhos vazados à ponta de ferro esbraseado para trabalharem a roda de moinhos de trigo, sem possibilidade de enxergar o que faziam e o que se passava.

15 Na Grécia antiga, lobriguei quadros de cultura e devassidão de tal modo estranhos que não sei de que maneira seriam considerados em qualquer cidade do mundo atual. 16 A beleza dos conceitos de Sócrates e Platão contrastava com uma licenciosidade que poderíamos classificar por demoníaca, especialmente quando os povos vizinhos entravam em conflito uns com os outros.

17 Em Roma vi o direito nascer, inspirando leis que são preservadas até hoje, no entanto, ao mesmo tempo, os costumes da maioria das criaturas daquelas épocas recuadas, em que a adoração a Júpiter precedeu os éditos de Constantino, nos dias de agora seriam absurdos, credores das mais rigorosas punições. 18 As perseguições contra os cristãos se caracterizavam pela mesma perversidade com que os soldados romanos humilhavam e espoliavam cidades indefesas, criando províncias à custa de sangue e lágrimas.

19 Tal devassidão dos dias a que nos referimos que a chamada Capital do Mundo se transferiu para Constantinopla, onde os mesmos disparates se repetiriam.

20 Em Jerusalém vi a força violenta do dogmatismo contra a mensagem do Cristo e o pavor tocar, mesmo espiritualmente, aqueles escombros da iniquidade que dominava em torno do Tempo de Salomão, até que Tito, em sua fúria, e de seus assessores, destruíssem a cidade reduzindo-a a um montão de cinzas.

21 Que poderia fazer Jesus contra o peso esmagador das leis e princípios que comandavam a vida em seu tempo? 22 Fala-se que o Divino Mestre tomou para companheiros pescadores e homens iletrados, de modo a tê-los por intérpretes de sua causa, mas isso aconteceu porque as inteligências privilegiadas da época repeliam qualquer sentimento de bondade e humildade, tolerância e perdão. 23 A única saída para se livrarem de um rabi que ensinava a paz em meio de tantos ódios e exaltava o amor ao próximo onde o egoísmo era a atitude de todos, a única maneira de se libertarem dele não foi outra senão a cruz dos malfeitores.

24 Eu não sei com que sofrimento teria Jesus observado a ignorância dos homens e a ferocidade dos princípios que os moviam, quando penso nele isolando-se no deserto de Negueb a fim de meditar ou quando se entregou à oração ao pé das Oliveiras, decerto meditando na quantidade de seres humanos que tombariam no martírio, depois que ele desaparecesse da face daqueles que lhe odiavam as ideias de fraternidade e concórdia.


25 Como vê, querido papai Lourival, não há tempo para depressões porque estamos nos melhores dias da Humanidade, conquanto se ignore, até mesmo aqui, o que farão os homens da atualidade da pletora de armamentos que eles criaram para a destruição de si mesmos. 26 O Espírito Sublime dos Arautos do Cristo, numa espécie de diplomacia celeste, está influindo nas superpotências da atualidade para que as dívidas do passado terrestre não sejam pagas de modo brutal, como talvez queiram os mais afoitos, entretanto a realidade é que o mundo chegou a tal ponto de compromissos desprezados que nada se pode prever para o Grande Amanhã.

27 Desculpe-me a digressão, mas falando a meus pais, dirijo-me a todos para que nos unamos em Jesus-Cristo para seguir com a paz possível, ao encontro do futuro.

28 Querida mãezinha Maria José, envio um abraço ao querido Mário Sérgio e lembranças a todos os nossos.

29 Papai Lourival, continuemos estudando e que Deus nos inspire e nos abençoe.

30 Um grande abraço do seu filho e companheiro de sempre


Luiz Ricardo Maffei


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