O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Esperança e alegria — Familiares diversos


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Álvaro Luiz Marques de Mello

30 de Janeiro de 1946, S. Paulo, SP. — 09 de Maio de 1969, S. Paulo, SP.

Álvaro Luiz dirigia-se para Mauá, cidade próxima a São Paulo e Ribeirão Pires, de moto, a fim de visitar sua avó que estava lá hospitalizada. Na estrada, estando só ele e um carro no sentido oposto, foi atropelado por este que desgovernou-se atravessando a estrada.

“Papai, eu não sei o que aconteceu com ele, mas veio em cima, ainda tentei pular, assim mesmo ele atingiu-me”. Álvaro foi ferido em uma das pernas e levado ao Hospital das Clínicas. Os recursos médicos porém não puderam debelar a gangrena gasosa que apresentou-se e após diversas amputações, desencarnou na mesa cirúrgica.

Álvaro, aos 23 anos, cursava o 3.º ano de Engenharia na Escola Politécnica da Universidade de São Paulo. Era diplomado em piano pelo Conservatório Musical de São Paulo (1964), tendo feito o curso primário no Externato Macedo Vieira e o ginásio no Instituto de Educação Caetano de Campos; foi funcionário do Banco do Brasil.

A mensagem que publicamos a seguir foi a primeira de uma série de nove comunicações, entre cartas e pequenos recados.


DEPOIMENTOS


Este é o depoimento de Dona Josephina Marques de Mello, mãe de Álvaro:

“Até receber esta mensagem eu sentia um aperto no coração e daí em diante senti-me reconfortada, com a certeza de que meu filho não havia morrido. Todo aniversário dele continuo dizendo quantos anos ele está completando.”

E seu pai, Gabriel.

“Até esta mensagem, nunca tinha me conformado com o acontecimento, descria de tudo, com ele seguiu parte de minha vida. Porém, ao receber a mensagem, renasci, suavizou-se minha dor, confortou-me como um bálsamo, foi uma dádiva que Deus me concedeu. Desde então sinto-o sempre junto a mim. Deixo patenteado meu agradecimento a Deus, à Doutrina Espírita, a Chico Xavier, rogando pela sua saúde, para que prossiga na tarefa de confortar aos que perderam entes queridos. Agradeço também a todos os colaboradores, ao meu querido filho e rogo a Deus que parentes continuem a receber esta graça, para conforto de todos.”


Josephina Marques de Mello

Gabriel de Mello Filho


ESCLARECIMENTOS


Alguns esclarecimentos sobre o texto psicografado:

Pais: Josephina Marques de Mello (Naná) e Gabriel de Mello Filho.

Avó materna: Guiomar dos Santos Marques, desencarnada a 12 de Maio de 1974 em S. Paulo.

Avó paterna: Julieta de Mello desencarnada a 06 de Junho e 1965 em São Paulo.

Avô paterno: Gabriel de Mello, desencarnado a 12 de Dezembro de 1948 em S. Paulo.

Irmã: Solange Marques de Mello.


MENSAGEM


1 Querida mãezinha, conquanto meu pai Gabriel esteja distante, reúno-os em meu coração, a fim de pedir que me abençoem.

2 Mãezinha, não compreendo como o tempo parece patinar sobre nós, tal a impressão de velocidade com que os dias se desdobram. Nove anos é um pedaço. 3 E a saudade é a mesma, o amor não se modificou, os sentimentos continuam inalterados e essa vontade ardente de cooperar em sua paz é um anseio constante em meu pensamento; 4 compreendo os conflitos que se travaram no íntimo do papai. A visita a vovó em Ribeirão Pires e a transformação inesperada a surpreender-nos…

5 Meu pai é aquele mesmo homem nobre e reto que conhecemos, entretanto, ficou-lhe parado no coração aquele porquê desagradável, quando não aceitamos os desígnios de Deus. 6 Em vão me aproximo dele, no intuito de explicar, mas o amor que ele nos dedica é uma couraça de fidelidade à harmonia de princípio. Ele julga até hoje que nada ocorreria não fosse a vovó doente, e os dias se acumularam uns sobre os outros, sem que lhe consigamos enxergar qualquer renovação, no ponto a que me refiro. 7 É por isso que venho até aqui sob as atenções de minha avó Julieta e de meu avô Gabriel rogando nós três a ele para que compreenda que naquele dia de maio me caberia terminar o tempo de estágio na Terra.

8 Não houve culpa de ninguém, muito menos da visita à vovó, que afinal, também veio para cá, moída de desgostos, aliados à enfermidade que a crucificou no corpo doente por muito tempo.

9 Mãe querida, não preciso dizer que os meus primeiros trechos de caminho, na vida nova, foram duros de atravessar. Vê-la em pranto e observar meu pai introvertido e de sentimentos dilapidados por ideias errôneas me doía ao coração. 10 Somente após muito auxílio consegui adaptar-me ao problema sem superá-lo. Para senhorear essas dificuldades de relacionamento é que me encontro com os meus avós paternos, pedindo ao querido papai Gabriel que nos entenda e perdoe. 11 Amo tanto ao papai e quero tanto àquele coração forte e belo que se nos ergue no mundo por bendita proteção, que rogo a ele desculpas se fui apanhado pelo acidente fora de casa, num caminho em que, na ternura de um neto, desejava tanto abraçar uma avó doente.

12 Mãe, mostre ao papai estas minhas palavras e diga a ele que se eu pensasse em morte, haveria desejado permanecer com ele até o fim, guardado naqueles braços amorosos e amigos até o fim do meu corpo, tanto me lembro dele de quando em pequeno me apertava de encontro ao peito. Diga-lhe, mãezinha, que o meu avô Gabriel de quem ele é filho exemplar me asilou em sua dedicação, qual se me fosse outro pai.

13 Não posso dizer que estou integralmente feliz porque isso seria negar essa fome de reencontro em que a gente se vê, buscando em pensamento abraçar-nos uns aos outros. Mãezinha querida, estou, no entanto, mais tranquilo. Você procurou compreender-me e tem nos auxiliado a todos com a sua abnegação. 14 Continue amparando-nos, não fique pesarosa se meu pai Gabriel até hoje se tranca na própria meditação para pensar no processo de minha volta ao Mundo Espiritual. Ele nunca deixou de adorá-la, como sempre. Se permanece ainda atrelado ao carro da tristeza, é porque não se conformou até agora com a realidade que me traçava tempo curto na Terra. 15 Mas você compreenderá isso, amá-lo-á com o carinho de todos os dias e saberá, em silêncio, que o papai adoeceu no espírito, colecionando perguntas e saudades que somente a luz da fé viva em Deus conseguirá dissipar. Mas Deus espera sempre.

16 Meu pai não consegue fazer prodígios de transformação diante da morte e ainda não construiu nele mesmo esse refúgio de oração e confiança em que você mamãe, consegue morar. 17 O tempo é uma esponja de Deus absorvendo todas as mágoas que surjam na Terra e o tempo balsamizará as feridas do coração do papai, a fim de que ele volte a sorrir como noutro tempo, com a nossa querida Solange. Aguardemos.

18 Mãezinha querida, minha avó Julieta pede a Deus abençoá-la, meu avô faz o mesmo.

19 Recordando a presença de meu pai, coloco a imagem dele em nossos pensamentos unidos e beijo-lhes as mãos juntas. — Nunca nos separaremos, nunca estaremos fora uns dos outros.

20 Por isso mesmo, mãezinha querida, receba com ele todo o amor e todo o reconhecimento do seu filho, sempre seu


Álvaro Luiz

Álvaro Luiz Marques Mello


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