O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Chico Xavier, a aurora de uma vida entre o Céu e a Terra — Autores diversos subscritos por F. Xavier.


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Época transitória

| 1º de junho de 1931.

1 Para o espírito observador, que busca estudar incessantemente as questões da vida, não passam desapercebidos os surpreendentes acontecimentos dos tempos atuais.

2 Uma onda de agitação infrene e incoercível palpita no coração do homem e no seio das coletividades.

3 A ciência humana devassou todos os campos que a matéria oferecia às suas perspectivas; contemplou as maravilhas do firmamento e conheceu as atividades do microcosmo; conheceu a estrutura íntima do organismo humano e trouxe à luz os segredos da biologia; descobriu a eletricidade e o magnetismo, com todas as suas inúmeras propriedades; transmitiu o som através das distâncias e descobriu a televisão; dominou os ares e a maior parte dos elementos da natureza; enfim, é quase indefinível a grandiosa e admirável obra que a ciência terrena tem realizado eficazmente. 4 Todavia, o coração do homem deseja algo que a Terra não lhe prodigaliza, do que deriva o desmantelo das sociedades, mergulhadas nas correntes do ateísmo e do preconceito.

5 As religiões, cujo objetivo seria colocar os homens sob o sublime estandarte do bem, desunem os homens, propagando a intolerância, divinizando o humano e humanizando Deus, excitando-os ao egoísmo, com a promessa de salvação por meio de ritualismos e exterioridades, apagando-lhes a fé com os seus exemplos diametralmente opostos aos seus ensinamentos.

6 Falta, pois, a fé, que é a luz da crença, à sociedade hodierna. 7 Sem esse sol que irradia da consciência, força vitalizadora da alma, o homem é nau sem palinuro, abandonado às borrascas tenebrosas que desabam sobre o oceano de encapeladas marés, que é a vida planetária. 8 Ele não possui o conhecimento do seu destino; nada conhece da alma e da vida do Espírito. 9 O materialismo obseca o seu íntimo, crestando a flor da sua esperança e ele se entrega a toda a classe de gozos mundanos.

10 Degenera a luz da sua inteligência, misturando-a à lama das paixões malsãs, rebaixando a ciência, empregando-a como arma de destruição nas lutas fratricidas. 11 Pouco se preocupa com os problemas da vida e da morte; é o homem atual quase destituído de fé, de amor, de crença e de luz. 12 E é nesta época de desmantelo e confusão que à Doutrina consoladora dos mensageiros divinos, codificada pelo insigne mestre Allan Kardec, cabe uma finalidade extraordinária.

13 O Espiritismo cristão é o remanescente do grandioso ideal dos apóstolos de Jesus, no início do desenvolvimento das doutrinas excelsas, emanadas do Cristo de Deus. 14 Ele vem restabelecer a lei em seus devidos termos, ressuscitando o Evangelho do Mestre divino, fazendo com que a humanidade reconheça o Deus de amor, de bondade, de misericórdia, de justiça, de caridade, de luz e perdão. 15 Ele vem como o Consolador prometido, na hora certa, em que a alma humana se debate nas bordas do abismo, arrancando-a da sua inércia criminosa e apontando-lhe o luminoso destino que lhe compete atingir.

16 Portanto, é o Espiritismo nos dias atuais a ânfora abençoada que contém a água cristalina da vida com que o Criador dessedenta as Suas criaturas da Terra, ávidas de luz. 17 É ele o campo vastíssimo, onde o sol espiritual resplandece para todos indistintamente; a alma sofredora nele encontra os inesgotáveis mananciais, onde haure doces consolações; onde o pensador encontra grandiosidades incomparáveis para as suas lucubrações; onde o ateu encontra a fé sólida e a crença imorredoura.

18 Ao Espiritismo, pois, cabe um papel proeminente na civilização contemporânea. Fazendo ressurgir o Evangelho de Jesus em toda a sua pureza primitiva, fundindo a fé e a ciência numa mesma elevada e santa aspiração, ele fraternizará os homens, os lares e os povos, unindo-os nos mesmos desejos sãos e altruísticos para a excelsa conquista do perfeito, na divina ascensão para Deus.


F. Xavier


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