O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Colheita do bem — Mensagens familiares do Prof. Arthur Joviano (Neio Lúcio) e outros


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A coroa do raciocínio

10/05/1950


1 Meus caros filhos, Deus abençoe a vocês, concedendo-lhes muita paz e saúde, bom-ânimo e alegria no campo da luta edificante de sempre.

2 Estive em companhia de vocês por vezes variadas no curso da viagem e quanto lhes ocorreu, em toda parte, sentimos a extensão do trabalho espiritual e material ao longo de todas as paisagens e circunstâncias. Quanto mais se nos dilata a experiência na lavoura de recursos humanos dentro da qual semeamos e colhemos, diariamente, mais observamos a condição da Terra, que categorizamos, por fim, com muita propriedade, por escola de progresso universal. Os Espíritos, aí dentro, se encontram, em sua maioria, como elementos em formação, preparando-se para os mais altos cursos na Eternidade.

3 Há necessidade de tempo, de dias e séculos para que a coroa do raciocínio, do sentimento e da sublimação se concretize, habilitando a criatura para os climas superiores da vida mais alta. É por isso que a sensação de grandeza oprime e enobrece, abrindo horizontes vastíssimos aos nossos corações e braços na sementeira e na seara da luta comum.

4 Nesse aspecto, a experiência de almas da nossa posição é mais encorajadora. Nossa “época” é de transição. Ensaiamos serviços de acabamento no edifício do passado e esforço de base para o futuro. Por dentro, trazemos os sinais de dores e prazeres, de qualidades e tendências que nos caracterizaram há milênios consecutivos, mas no imo do ser já abrimos algumas portas de acesso aos estímulos fecundos do Alto, que, para a felicidade nossa, já percebemos por fora.

5 Nossos conflitos individuais, por essa razão, constituem enormes embates de nosso espírito novo contra a nossa velha individualidade. Para a Terra, estamos amadurecidos, para os Círculos superiores, somos demasiadamente verdes. Nossos princípios de elevação definitiva são frágeis à frente das grossas raízes que nos imantam ao clima planetário. Junto do Evangelho, que nos convida à ascensão, escutamos os apelos e requisições da Lei que nos constrange à ação horizontal. A justiça prende-nos ainda, enquanto o amor nos compele à libertação. 6 Há mil vozes gritando em nosso mundo interior, porque a nossa situação é, francamente, aquela dos desajustados, pendentes entre dois extremos que se tocam e que se repelem simultaneamente. Por esse motivo, chegados a essa eminência da luta, faculta-nos a Providência Divina a possibilidade do reencontro e do entendimento. 7 A fé, bem sentida e bem vivida, desempenha as funções dum porteiro divino, auxiliando-nos para o intercâmbio necessário. Não fosse a atividade religiosa e milhões de almas adiariam indefinidamente realizações valiosas, porque sem essa lâmpada acesa da confiança na Bondade Infinita a criatura se precipitaria no abismo da desilusão pelo desespero que o desajuste provoca no centro do coração. 8 A fé opera o controle das forças inconformadas e avançamos por essa “terra de ninguém”, familiar a todos os idealistas e trabalhadores que agem por devoção ao bem e não por obrigação ao serviço, glorificando o serviço, em si mesmo, elegendo nele a única atividade verdadeiramente libertadora da mente escravizada a paixões e convencionalismos diversos. 9 Essa “terra de ninguém” é a senda dos que avançam sozinhos, ou quase sozinhos, porque encontraram uma saída e não desejam menosprezá-la. Longo, porém, é o tempo de jornada e a consolação única que nos cabe é a de nos fazermos sentidos, entre uns e outros, no campo do espírito, em que nossas energias se renovam e nossos ideais se refazem.

10 Quando vocês adormecem no corpo físico, na posição de “desajustamento natural” em que se encontram, pelos conhecimentos novos adquiridos, o sono é mais um transe em que a alma semiatormentada se desliga das teias fisiológicas para registrar as nossas lembranças, sugestões e instruções. Não fora essa trégua aos membros exaustos pela carga de pensamentos que elaboramos, em completo desacordo com a capacidade de resistência carnal, e semelhante gênero de luta não seria possível senão por tempo reduzidíssimo. 11 Mas a Sabedoria Ilimitada não nos esquece as necessidades e faz-se possível a permuta de forças, ideias, expressões e experiências. Na realidade, vocês não arquivam todos os detalhes na memória cerebral, mas possuímos aqui, no Plano imediatamente superior ao de vocês, os necessários recursos para gravar-lhes na mente os pontos fundamentais e imprescindíveis à ação que devem desdobrar no meio em que se demoram, e daí a mente, mais segura de si mesma, com soluções aparentemente espontâneas para os pequenos enigmas de cada dia, em cada manhã que se reerguem para o combate purificador na Terra, que é, sem dúvida, nosso antigo e milagroso educandário.

12 Associo semelhantes impressões para dar-lhes a noção da serenidade operante que devemos adotar diante de problemas tão complexos, quais sejam de beneficiar e ajudar, educar e regenerar. Que o Senhor nos dê sempre luz ao cerne da personalidade para que estejamos sempre atentos na preservação de nossa própria paz, no campo das causas, sem nos perdemos em aniquilamento de tempo e oportunidade nos efeitos efêmeros que nos cercam na vida vulgar.

13 Meu caro Rômulo, o nosso receitista está aconselhando a você o uso de Ipecacuanha, Lachesis, Eupatorium, Staphysagria, de 5ª, por 8 a 10 dias. Você é portador de um resfriamento desequilibrante com intoxicações leves e naturais de quem se ausenta dos hábitos domésticos por alguns dias. Desejo também pedir a você para traçar programa de algum tempo, vamos dizer, alguns dias, na praia. O ar marinho é um remédio salutar. Eu sei que isso o aborrece. O seu clima é a criação de benefícios incessantes pela atividade do trabalho que edifica e estabelece valores no tempo, entretanto, o operário não se pode esquecer da máquina e a sua máquina precisa do lubrificante indicado. Estudará o assunto quando parecer a você oportuno.

14 Continuo colaborando com os nossos, através de todos os recursos ao meu alcance. A nossa Marcelina tem recebido de meu coração a migalha que lhe posso dar pelo muito que fez por nós todos. n Jesus nos fortaleça e nos abençoe.

Formulando sinceros votos ao Alto pela paz e contentamento de vocês todos na jornada de cada dia, despede-se por agora, com um grande abraço muito afetuoso, o papai reconhecido de sempre,


A. Joviano



[1] Nota da organizadora: Marcelina foi, por longos anos, estimada e dedicada servidora do lar de Arthur Joviano.


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