O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Caminhos do amor — Maria Dolores


22


Abrigo ideal

1 E tudo vai passando, como sempre dizes,
Os dias de infortúnio e os momentos felizes. ( † )


2 Tempos de infância, belos e risonhos
Esvaíram-se todos, tais quais sonhos
Que não consegues explicar;
O lar de agora já não te parece
O mesmo antigo lar
Em que o colo de mãe, na luz da prece,
Inteiro se te abria,
Sustentando-te a paz no clarão da alegria…


3 Onde ouvir novamente as vozes que, à noitinha,
Uniam-se-te à voz inocente a cantar:
— “Oh! ciranda, cirandinha,
Vamos todos cirandar!…”
Fitavam-te, na marcha dos instantes,
Estrelas cintilantes,
Como a notar te o sentimento puro
E a te indicarem, sem que percebesses,
As estradas difíceis do futuro.


4 A juventude plena de ansiedade
Passou, qual luminosa floração,
E indagas onde estão
Os planos da primeira mocidade…


5 Refletes nas queridas afeições
No ponto solitário em que te pões…
Quantos amigos desertaram
Da senda em que persistes?
Quantos julgaram tristes
As tarefas que abraças?
E largaram-te, a sós, dizendo-se à procura
Do prazer, do renome e da ventura?!…


6 Enquanto passas,
No serviço de sempre,
De coração ao desalinho,
Perguntas, muitas vezes, quantos lábios
Ouviste transformados no caminho,
Lábios que te falavam, ontem, de ternura,
Em promessas de apoio e de carinho
E hoje te comunicam amargura,
Acusação, queixa e censura,
Impondo-te incerteza e incompreensão?


7 E os outros que, em magoada despedida,
Deixaram-te no mundo, em busca de outra vida,
Dando-te a inquietação constante que te invade
Pela chama invisível da saudade?!…


8 E tudo vai passando, tal qual dizes,
Os instantes felizes e infelizes,
Entretanto, alma irmã, de pés sangrando embora,
Segue amando e servindo, tempo afora…
Nada te impeça caminhar
Para a sublimação que te pede lutar,
Esculpindo, em ti mesmo, o amor cuja beleza
Palpita em tua própria natureza.


9 Não contes desengano, prova, idade…
Segue e não temas,
Quem serve encontra em todos os problemas
Motivação para a felicidade.


10 E quando tudo te pareça
Saudade e solidão
Na bruma que te envolva o coração,
Entra no claro abrigo que reténs,
Que se te faz no mundo o mais alto dos bens,
Riqueza em luz e paz que ninguém desarruma
E nunca sofre alteração alguma…
Esse refúgio ideal que te descansa
Nos tesouros de tudo quanto é teu,
É a bênção de servir que te guarda a esperança
No trabalho do bem que Deus te concedeu…


Maria Dolores


Texto extraído da 1ª edição desse livro.

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