O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão
Doutrina espírita - 2ª parte.

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Amor sem adeus — Mensagens familiares de Walter Perrone


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Para curar a saudade foi preciso convertê-la em beneficência

13 de fevereiro de 1976.

A reunião de sexta-feira do “Grupo Espírita da Prece”, em Uberaba, como habitualmente, avançava noite adentro.

Na última parte dos trabalhos, Chico Xavier volta a sentar-se numa extremidade da mesa do salão e, em transe mediúnico, começa a psicografar perante numeroso público. Já na primeira hora do novo dia (14 de fevereiro) recebe a derradeira mensagem, de autoria do Espírito de Walter Perrone, exatamente na data do 2º aniversário de sua desencarnação.

Walter fala em festa. Para muitos esta expressão poderá causar surpresa, mas, sabemos que para as criaturas, que chegam ao fim da jornada terrena com a consciência tranquila, alicerçada nos deveres cumpridos, o desligamento da roupagem carnal representa uma libertação vitoriosa, um final feliz de mais uma etapa evolutiva. Para essas criaturas, a data do passamento é tão significativa como o dia em que choraram pela primeira vez num local humilde ou na mais luxuosa Maternidade. Há, portanto, uma equivalência entre o nascer lá e o nascer aqui

Entendemos que o seu convite para a festa de orações, em agradecimento a Deus pelas bênçãos recebidas, dirigiu-se a encarnados e desencarnados, pois explicou: querida mãezinha, nossos amigos são hoje o desdobramento de nossa família.

A família espiritual de cada um é muito ampla, englobando não só as pessoas ligadas entre si, anteriormente na Terra, por laços consanguíneos, mas também, muitas outras presas ao coração pelos liames autênticos de simpatia e de afinidade de ideias. Aliás, nem sempre os parentes por consanguinidade pertencem a uma família espiritual. Esta é constituída na base da afeição recíproca, estruturada ao longo de vivências nos Planos material e espiritual. A vida ensina que somente o fato de convivermos sob um mesmo teto não é condição criadora dos laços inquebrantáveis de simpatia e de amor.

Enquanto houver a distribuição da imensa família espiritual de cada um, nos dois Planos da Vida — que perdurará enquanto necessitarmos de encarnações na Escola Planetária — o nascimento no lado de lá ocasiona aqui saudade nos entes queridos, assim como o nascimento aqui provoca no outro lado separações afetivas, transitórias, mas igualmente sentidas.

Ah!… A saudade… Problema sempre vivo e, às vezes, torturante em nossos corações. Por isso mesmo, um dos sentimentos mais exteriorizados e, na literatura, milhares e milhares de vezes citado em prosa e verso. Prova difícil, sempre dolorosa, mas educativa, por convidar-nos ao aprendizado da esperança e da fé.

Lendo novamente a Segunda Carta, deparamos com este elucidativo trecho:

Mãezinha, saudade é uma companheira nos dois lados da vida. Os que ficam aí choram pelos que voltam e os que voltam para cá se lamentam da falta de quantos aí ficam, esperando o tempo. E o tempo é um mestre invisível trabalhando aqui e aí — uma espécie de conselheiro que nunca nos deixa de apoiar com as sugestões precisas ,à obtenção da felicidade.

A ausência de seres amados, principalmente quando afastados temporariamente pela morte, pode ocasionar desajustes emocionais graves. Pensando nisso, em sua nova carta, o Autor Espiritual avança mais no tema, apontando-nos um caminho que ele chama de libertação: servir e servir cada vez mais, para lembrar o bem dos outros, olvidando as nossas exigências.

Não só a lógica, mas muitos casos do nosso conhecimento atestam a validade do caminho sugerido. Na verdade, é um recurso dos mais valiosos, muitas vezes, fundamental, na prevenção e no tratamento dos transtornos emocionais decorrentes de tais provas.


Para curar a saudade foi preciso convertê-la em beneficência. E nós dois para ficarmos mais tempo junto dos nossos, obtivemos o consentimento desejado, no compromisso de escorá-los no trabalho do bem.

Já tivemos o ensejo de estudar nos capítulos 7 e 11 o extraordinário trabalho desempenhado, junto à Crosta terrestre, pelas falanges espirituais do Bem.

Ao dar novas notícias do seu grande amigo Gerson José Bugiatto (que estava também presente quando foi escrita a 2ª mensagem), explica que ambos, agora, foram autorizados pelos seus Mentores para participarem mais ativamente das obras assistenciais desenvolvidas pelos seus familiares.

Não fugindo a uma hierarquia fidelíssima de valores morais e intelectuais, as equipes de trabalho do Plano Maior obedecem às orientações dos seus superiores. Daí a referida obtenção do consentimento solicitado.


Abrace o Carlos e diga a ele que a impressão de minha presença não é imaginação.

Dando mais um testemunho de sua atuação espiritual, Walter confirma as “impressões” de seu irmão.

Como duvidar? O médium ignorava totalmente o fato e, ainda mais, Carlos estava ausente da reunião pública.

Na Primeira Carta, vimos outra confirmação semelhante, também nas mesmas condições, isto é, sem a presença do progenitor à reunião e sem nenhuma consulta específica ao médium:

Querido papai, o senhor me sente sim, a presença, quando está pensando em casa ou em nosso trabalho da rua Vilela.


Seus sobrinhos, Fernanda e Alexandre foram carinhosamente lembrados. São filhos do casal Sônia e Carlos Roberto Perrone.

Os demais amigos — Gerson e D. Maria Bugiatto — e familiares já são nossos conhecidas.


Hércio Marcos Cintra Arantes


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