O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano X — Janeiro de 1867.

(Idioma francês)

Aos nossos correspondentes.

(Sumário)

1. — Para a maioria dos nossos correspondentes da França e do estrangeiro, a época de renovação das assinaturas, em 1º de janeiro, é, como todos os anos, ocasião para nos darem novos testemunhos de simpatia, que nos tocam profundamente.

Na impossibilidade material em que estamos de responder a todos, pedimos-lhes recebam aqui a expressão de nossos sinceros agradecimentos e da reciprocidade de nossos votos. Ficai certos de que não esquecemos, em nossas preces, nenhum daqueles, encarnados ou desencarnados, que a nós se recomendam.

Os testemunhos que houveram por bem nos dar são, para nós, poderoso encorajamento e suaves compensações que facilmente nos fazem esquecer as penas e fadigas do caminho. E como não as esqueceríamos, quando vemos a Doutrina crescer incessantemente, superar todos os obstáculos e cada dia nos trazer novas provas dos benefícios que espalha! Agradecemos a Deus o insigne favor que nos concede de testemunhar seus primeiros sucessos e entrever o seu futuro. Nós lhe pedimos que nos dê as forças físicas e morais necessárias para realizar o que nos resta fazer, antes de voltar ao mundo dos Espíritos.


2. — Aos que têm a bondade de fazer votos pelo prolongamento de nossa permanência na Terra, no interesse do Espiritismo, diremos que ninguém é indispensável para a execução dos desígnios de Deus; o que fizemos outros o poderiam ter feito e o que não pudermos fazer, outros o farão; assim, quando lhe aprouver chamar-nos, ele saberá prover à continuação de sua obra. Aquele que for chamado a lhe tomar as rédeas cresce na sombra e se revelará quando for o tempo, não por sua pretensão a uma supremacia qualquer, mas por seus atos, que o assinalarão à atenção de todos. Neste momento, ele próprio o ignora e é útil, por enquanto, que se mantenha à margem.

O Cristo disse: “Aquele que se exaltar será rebaixado.”  ( † ) É, pois, entre os humildes de coração que será escolhido, e não entre os que quiserem elevar-se por sua própria autoridade e contra a vontade de Deus; esses apenas colherão vergonha e humilhação, porque os orgulhosos e os presunçosos serão confundidos. Que cada um traga a sua pedra ao edifício e se contente com o papel de simples obreiro. Deus, que lê no fundo dos corações, saberá dar a cada um o justo salário de seu trabalho.


3. — A todos os nossos irmãos em crença diremos: “Coragem e perseverança, porque se aproxima o momento das grandes provas. Fortalecei-vos nos princípios da doutrina e deles penetrai-vos cada vez mais; alargai as vossas vistas; elevai-vos pelo pensamento acima do círculo limitado do presente, de maneira a abarcar o horizonte do infinito; considerai o futuro e, então, a vida presente, com seu cortejo de misérias e decepções, vos aparecerá como um ponto imperceptível, como um minuto doloroso que logo não deixará mais traços na lembrança; as preocupações materiais parecem mesquinhas e pueris, ao lado dos esplendores da imensidade.”

Ditosos os que colherem na sinceridade de sua fé a força de que necessitarão: esses bendirão a Deus por lhes ter dado a luz; reconhecerão sua sabedoria nas suas vistas insondáveis e nos meios, sejam quais forem, que emprega para sua realização. Marcharão através dos escolhos com a serenidade, a firmeza e a confiança que dá a certeza de atingir o porto, sem se deter nas pedras que machucam os pés.

É nas grandes provas que se revelam as grandes almas; é, também, quando se revelam os corações verdadeiramente espíritas, pela coragem, a resignação, o devotamento, a abnegação e a caridade sob todas as suas formas, de que dão exemplo. (Vide o artigo do mês de outubro de 1866: “Os tempos são chegados”).


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