O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IV — Março de 1861.

(Idioma francês)

Conversas familiares de além-túmulo.


Senhorita Pauline M…

(Enviado pelo Sr. Pichon, médium de Sens.)  † 

1. Evocação.

Resposta. – Aqui estou, meus bons amigos.


2. Vossos pais nos pediram que vos perguntássemos se sois mais feliz do que na existência terrena. Teríeis a gentileza de no-lo dizer?

Resposta. – Oh! sim; sou mais feliz do que eles.


3. Algumas vezes assistis vossa mãe?

Resposta. – Eu quase não a deixo. Mas ela não pode compreender todo o encorajamento que lhe dou; sem isto não estaria tão mal. Ela chora por minha causa e eu sou feliz! Deus me chamou a si: é um favor. Se todas as mães estivessem bem compenetradas das luzes do Espiritismo, quanta consolação para elas! Dizei a minha pobre mãe que se resigne, porquanto, sem isso, afastar-se-á de sua filha querida. Quem não for dócil às provas que lhe envia o seu Criador, falha ao objetivo de suas provas. Que ela compreenda bem isto, senão não me verá tão cedo. Ela me perdeu materialmente, mas me encontrará espiritualmente. Que trate, pois, de se restabelecer para assistir às vossas sessões; poderei, então, consolá-la melhor. Eu mesma serei mais feliz.


4. Poderíeis manifestar-vos a ela de modo mais particular? Poderia ela servir-vos de médium? Assim receberia mais consolação do que por nosso intermédio.

Resposta. – Que ela tome um lápis, como o fazeis, e tentarei dizer-lhe alguma coisa. Isto nos é muito difícil, quando não encontramos as disposições requeridas para tanto.


5. Poderíeis dizer-nos por que Deus vos retirou tão jovem do seio da família, da qual éreis a alegria e a consolação?

Resposta. – Relede.


6. Poderíeis dizer-nos o que sentistes no instante da morte?

Resposta. – Uma perturbação; não acreditava estar morta. Fiquei com tanta pena de deixar minha boa mãe! Eu não me reconhecia. Mas quando o compreendi, não foi a mesma coisa.


7. Agora estais completamente desmaterializada?

Resposta. – Sim.


8. Poderíeis dizer quanto tempo ficastes no estado de perturbação?

Resposta. – Fiquei seis de vossas semanas.


9. Em que lugar estáveis quando vos reconhecestes?

Resposta. – Perto de meu corpo. Vi o cemitério e compreendi.


Mãe! estou sempre ao teu lado. Vejo-te e compreendo muito melhor do que quando tinha o meu corpo. Deixa, pois, de lado essa tristeza, pois não perdeste senão o pobre corpo que me havias dado. Tua filha está sempre aí. Não chores mais; ao contrário, rejubila-te: é o único meio de te fazer o bem, e a mim também. Nós nos compreenderemos melhor; dir-te-ei muitas coisas agradáveis; Deus mo permitirá; nós oraremos juntas. Virás entre estes homens que trabalham para o bem da Humanidade; tomarás parte em seus trabalhos; eu te ajudarei: isto servirá para o nosso mútuo adiantamento.


Tua filha que te ama,

Pauline.


P. S. Dareis isto a minha mãe. Ser-vos-ei grata.


10. Pensais que a convalescença de vossa mãe seja ainda longa?

Resposta. – Isso vai depender das consolações que receber e de sua resignação.


11. Lembrais de todas as vossas reencarnações?

Resposta. – Não; não de todas.


12. A penúltima ocorreu na Terra?

Resposta. – Sim; eu estava numa grande casa de comércio.


13. Em que época foi?

Resposta. – No reinado de Luís XIV; no começo.


14. Lembrais de algumas personagens desse tempo?

Resposta. – Conheci o Sr. Duque de Orléans, n que comprava em nossa casa. Também conheci Mazarino e uma parte de sua família.


15. Vossa última existência serviu muito ao vosso adiantamento como Espírito?

Resp. – Não me pôde servir muito porque não sofri nenhuma prova. Foi para meus pais, antes que para mim, um motivo de prova.


16. E vossa penúltima existência? Foi mais proveitosa?

Resposta. – Sim, porque nela fui muito provada. Reveses de fortuna; a morte de todas as pessoas que me eram caras; fiquei só. Mas, confiante em meu Criador, tudo suportei com resignação. Dizei a minha mãe que faça como fiz. Que aquele que lhe levar minha consolação, por mim aperte a mão de todos os meus parentes. Adeus.



[1] Duque d’Orleães é um dos mais importantes títulos da nobiliarquia francesa, remontando pelo menos ao século XIV. Era sempre atribuído a príncipes da família real francesa. Frequentemente na história de França, o duque d’Orleães teve importante papel político. — Fonte  † 


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