O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano IV — Agosto de 1861.

(Idioma francês)

Dissertações e ensinos espíritas.


O pauperismo.

(Enviada pelo Sr. Sabò, de Bordeaux.)  † 

Em vão os filantropos da Terra sonham com coisas que jamais verão realizar-se. Lembrai-vos destas palavras do Cristo: “Sempre tereis pobres entre vós”, ( † ) pois sabeis que estas são palavras de verdade. Meu amigo, agora que conheceis o Espiritismo, não achais justa e equitativa, essa desigualdade das condições, que fazia levantar vossos corações, cheios de murmúrio contra esse Deus que não havia feito todos os homens igualmente ricos e ditosos? Pois bem! Agora que sabeis que Deus agiu com sabedoria em tudo quanto fez e que a pobreza é um castigo ou uma prova, buscai amenizá-la, mas não lanceis mão de utopias para fazer os infelizes sonharem com uma igualdade impossível. Certamente, por uma sábia organização social, é possível aliviar muitos sofrimentos; é isto que se deve visar. Mas pretender que todos venham a desaparecer da face da Terra é uma ideia quimérica. Sendo a Terra um lugar de expiação, sempre haverá pobres que expiam nessa prova o abuso dos bens de que Deus os fizera dispensadores, e que jamais experimentaram a satisfação de fazer o bem aos seus irmãos; que entesouraram moeda por moeda para acumular riquezas inúteis a si mesmos e aos outros; que espoliaram as viúvas e os órfãos para enriquecer. Oh! esses são muito culpados e seu egoísmo se voltará contra eles!

Guardai-vos, entretanto, de ver em todos os pobres culpados em punição. Se, para alguns, a pobreza é uma expiação severa, para outros é uma provação que lhes deve abrir mais rapidamente o santuário dos eleitos. Sim, sempre haverá pobres e ricos, a fim de que uns tenham o mérito da resignação, e outros o da caridade e do devotamento. Quer sejais ricos ou pobres, transitais sobre um terreno escorregadio, que vos pode precipitar no abismo, na descida do qual só as vossas virtudes vos podem reter.

Quando digo que haverá sempre pobres na Terra, quero dizer que enquanto houver vícios, que dela façam um lugar de expiação para os Espíritos perversos, Deus os enviará para nela se encarnarem, para seu próprio castigo e dos vivos. Merecei, por vossas virtudes, que a vós Deus não envie senão bons Espíritos, e de um inferno fareis um paraíso terrestre.


Adolphe, bispo de Argel. n



[1] [v. Antoine-Adolphe Dupuch.]


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