O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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Revista espírita — Ano I — Dezembro de 1858.

(Idioma francês)

Dissertações de além-túmulo.


As flores.

Observação. – Esta comunicação e a seguinte [O papel da mulher] foram obtidas pelo Sr. F…, do qual já falamos em nosso número de outubro, a propósito dos Obsedados e Subjugados; por elas poderemos julgar a diferença que existe entre a natureza dessas comunicações atuais e as antigas. Sua vontade triunfou completamente da obsessão de que era vítima, e seu Espírito mau não reapareceu. Estas duas comunicações foram-lhe ditadas por Bernard Palissy. [v. comunicação de Palissy por outro médium: Descrição de Júpiter.]


As flores foram criadas no mundo como símbolos da beleza, da pureza e da esperança.

Por que não imagina o homem, que vê as corolas se abrirem todas as primaveras, e as flores murcharem para se transformarem em frutos deliciosos, que sua vida também florirá para dar lugar a frutos eternos? Essas flores jamais perecerão, como não perece a mais frágil obra do Criador. Coragem, pois, homens que tombais no caminho; levantai como o lírio,  †  após a tempestade, mais puros e radiosos. Como as flores, os ventos vos açoitam por todos os lados, vos derrubam e vos arrastam pela lama; mas, quando o Sol reaparece vossas cabeças se erguem, mais nobres e mais altivas.

Amai, pois, as flores; elas são o emblema de vossa vida e não temais corar por serdes a elas comparados. Tende-as nos vossos jardins, nas vossas casas e, até mesmo, em vossos templos, pois que estarão bem em qualquer parte; em todos os lugares elas convidam à poesia, elevando a alma dos que as sabem compreender. Não foi nas flores que Deus manifestou todas as suas magnificências? De onde conheceríeis as suaves cores com que o Criador alegrou a Natureza, se não fossem as flores? Antes que o homem tivesse cavado as entranhas da terra para encontrar o rubi  †  e o topázio,  †  havia flores diante de si e essa infinita variedade de matizes já o consolava da monotonia da crosta terrestre. Amai, pois, as flores: sereis mais puros e mais ternos; sereis, talvez, mais crianças, mas crianças queridas de Deus, e vossas almas simples e sem mácula serão acessíveis a todo o seu amor, a toda alegria com a qual ele aquecerá os vossos corações.

As flores querem ser cuidadas por mãos esclarecidas; a inteligência é necessária para a sua prosperidade; durante muito tempo laborastes em erro na Terra ao deixar esse cuidado a mãos inábeis que as mutilavam, imaginando embelezá-las. Nada é mais triste que as árvores arredondadas ou pontiagudas de alguns de vossos jardins: verdadeiras pirâmides de verdura, que fazem o efeito de um monte de feno. Deixai a Natureza tomar seu impulso sob mil formas diversas: aí está a graça. Feliz o que sabe admirar a beleza de uma haste que balança, semeando sua poeira fecundante; feliz o que vê em suas cores brilhantes um infinito de graça, de finura, de colorido, de matizes que fogem e se buscam, se perdem e se reencontram. Feliz o que sabe compreender a beleza da gradação dos tons!

Desde a raiz escura, que se consorcia à terra, como se fundem as cores até o vermelho escarlate da tulipa  †  e da papoula!  †  (Por que esses nomes rudes e bizarros?) Estudai tudo isso e notai as pétalas que saem umas das outras como gerações infinitas até seu completo desabrochar sob a abóbada celeste.

As flores não parecem deixar a Terra para se lançar em direção a outros mundos? Não parece que muitas vezes vergam, dolorosas, a cabeça, por não se poderem elevar ainda mais alto? Por sua beleza, não imaginamos que estejam mais perto de Deus? Imitai-as, pois, e vos tornareis sempre cada vez maiores, cada vez mais belos.

Vossa maneira de aprender botânica também é deficiente: não basta saber o nome de uma planta. Exorto-vos, quando tiverdes tempo, a que também trabalheis numa obra desse gênero. Transfiro para mais tarde as lições que vos queria transmitir nestes dias; elas serão mais úteis quando tivermos em mãos a sua aplicação. Então, falaremos do gênero de cultura, dos locais que lhes convêm, da disposição do edifício para arejamento, e da salubridade das habitações.

Se fizerdes imprimir isto, suprimi os últimos parágrafos; seriam levados à conta de anúncios.

Bernard Palissy. n



[1] [v. Bernard Palissy.]


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