O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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O que é o Espiritismo.

(Primeira versão.)
(Idioma francês)

Capítulo primeiro.


PEQUENA CONFERÊNCIA ESPÍRITA.


SEGUNDO DIÁLOGO. — O CÉTICO.
(Sumário)


Fenômenos espíritas simulados.


4. O Visitante. — Não estará provado que, fora do Espiritismo, esses mesmos fenômenos podem produzir-se? E não podemos concluir disso que eles não têm a origem que os espíritas lhes atribuem?


A. K. — Só porque se pode imitar uma coisa, deve-se concluir que ela não exista? Que diríeis da lógica daquele que pretendesse que, por se fabricar com água de Seltz o vinho de champanha, todo o vinho desta espécie não passa de água de Seltz?  †  Isto é inerente a todas as coisas que apresentam a possibilidade de gerar falsificações. Alguns prestidigitadores acreditaram que o nome de espiritismo, por causa da sua popularidade e das controvérsias de que era objeto, podia servir a explorações e, para atrair a multidão, simularam, mais ou menos grosseiramente, alguns fenômenos mediúnicos, como outrora haviam simulado a clarividência sonambúlica, sendo aplaudidos por todos os gaiatos que, bradando, diziam: Eis aí o que é o Espiritismo!

Quando foi encenada no teatro a engenhosa produção dos espectros, não se proclamou que o Espiritismo recebia o seu golpe fatal? Antes de pronunciar tão positiva sentença, deveriam refletir que as asserções de um escamoteador não são palavras de um evangelho, certificando-se, primeiro, se há identidade real entre a imitação e a coisa imitada. Ora, ninguém compra um brilhante sem antes averiguar se não se trata de uma pedra falsa. Um estudo, mesmo pouco acurado, tê-los-ia convencido de serem completamente outras as condições em que se dão os fenômenos espíritas; eles, além disso, ficariam sabendo que os espíritas não se ocupam com o aparecimento de espectros nem se prestam à leitura da buena-dicha.

Só a malevolência e uma absoluta má-fé foram capazes de confundir o Espiritismo com a magia e a feitiçaria, já que ele repudia o fim, as práticas, as fórmulas e as palavras místicas destas últimas. Alguns chegaram mesmo a comparar as reuniões espíritas às assembleias do sabá,  †  nas quais se espera soar a hora fatal da meia-noite para que os fantasmas apareçam.

Um espírita, amigo meu, assistia um dia à representação de Macbeth,  †  ao lado de um jornalista que ele não conhecia. Quando chegou a cena das feiticeiras, ele ouviu o vizinho dizer: “Olha! Vamos assistir a uma sessão espírita; é justamente o que precisava para o meu próximo artigo; vou saber agora como as coisas se passam. Se eu encontrasse por aqui algum desses loucos, perguntar-lhe-ia se ele se reconhece no quadro que tem diante dos olhos”. — “Eu sou um deles — disse-lhe o espírita —, e posso garantir-vos que nada vejo que se pareça com o que presencio; tenho assistido a centenas de reuniões espíritas, e nelas nada encontrei que se assemelhe a isto. Se é aqui que vindes colher argumentos para o vosso artigo, garanto que ele não primará pela veracidade.”

Muitos críticos não têm base mais sólida. Sobre quem, pois, cairá o ridículo, a não ser sobre aqueles que caminham com tanta leviandade? Quanto ao Espiritismo, seu crédito, longe de sofrer com isso, tem crescido pela repercussão que causam essas manobras, chamando para ele a atenção de muita gente que nem sequer pensava nele; os ataques provocaram o exame e contribuíram para aumentar o número dos seus adeptos, porque então se reconheceu que, em vez de brincadeira, ele era coisa séria.


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