O Caminho Escritura do Espiritismo Cristão.
Doutrina espírita - 1ª parte.

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A Gênese.

(Idioma francês)

AS PREDIÇÕES SEGUNDO O ESPIRITISMO.

Capítulo XVII.


PREDIÇÕES DO EVANGELHO.

Ninguém é profeta em sua terra. (1, 2.) — Morte e paixão de Jesus. (3-9.) — Perseguição aos apóstolos. (10-13.) — Cidades impenitentes. (14.) — Ruína do Templo e de Jerusalém. (15-21.) — Maldição aos fariseus. (22, 23.) — Minhas palavras não passarão. (24-26.) — A pedra angular. (27, 28.) — Parábola dos vinhateiros homicidas. (29, 30.) — Um só rebanho e um só pastor. (31, 32.) — Advento de Elias. (33, 34.) — Anúncio do Consolador. (35-42.) — Segundo advento do Cristo. (43-46.) — Sinais precursores. (47-58.) — Vossos filhos e vossas filhas profetizarão. (59-61.) — Juízo final. (62-67.)


SINAIS PRECURSORES.

47. — Também ouvireis falar de guerra e de rumores de guerra; tratai de não vos perturbardes, porquanto é preciso que essas coisas se deem; mas, ainda não será o fim pois ver-se-á povo levantar-se contra povo e reino contra reino; e haverá pestes, fomes e tremores de terra em diversos lugares. Todas essas coisas serão apenas o começo das dores. (São Mateus, capítulo XXIV, vv. 6 a 8.)


48. — Então, o irmão entregará o irmão para ser morto; os filhos se levantarão contra seus pais e suas mães e os farão morrer. Sereis odiados de toda a gente por causa do meu nome; mas, aquele que perseverar até ao fim será salvo. (São Marcos, capítulo XIII, vv. 12 e 13.)


49. — Quando virdes que a abominação da desolação, que foi predita pelo profeta Daniel, está no lugar santo (que aquele que lê entenda bem o que lê.); fujam então para as montanhas os que estiverem na Judeia; n não desça aquele que estiver no telhado, para levar de sua casa qualquer coisa; e não volte para apanhar suas roupas aquele que estiver no campo. Mas, ai das mulheres que estiverem grávidas ou amamentando nesses dias. Pedi a Deus que a vossa fuga não se dê durante o inverno, nem em dia de sábado, porquanto a aflição desse tempo será tão grande, como ainda não houve igual desde o começo do mundo até o presente e como nunca mais haverá. E se esses dias não fossem abreviados, nenhum homem se salvaria; mas esses dias serão abreviados em favor dos eleitos. (São Mateus, capítulo XXIV, vv. 15 a 22.)


50. — Logo depois desses dias de aflição, o Sol se obscurecerá e a Lua deixará de dar sua luz; as estrelas cairão do céu e as potestades dos céus serão abaladas.

Então, o sinal do Filho do Homem aparecerá no céu e todos as povos da Terra estarão em prantos e em gemidos e verão o Filho do Homem vindo sobre as nuvens do céu com grande majestade.

Ele enviará seus anjos, que farão ouvir a voz retumbante de suas trombetas e que reunirão seus eleitos dos quatro cantos do mundo, de uma extremidade a outra do céu.

Aprendei uma comparação tirada da figueira. Quando seus ramos já estão tenros e dão folhas, sabeis que está próximo o estio. Do mesmo modo, quando virdes todas essas coisas, sabei que vem próximo o Filho do Homem, que ele se acha como que à porta.

Digo-vos, em verdade, que esta raça não passará sem que todas essas coisas se tenham cumprido. (São Mateus, capítulo XXIV, vv. 29 a 34.)


E acontecerá no advento do Filho do Homem o que aconteceu ao tempo de Noé; pois, como nos últimos tempos antes do dilúvio, os homens comiam e bebiam, se casavam e casavam seus filhos, até ao dia em que Noé entrou na arca; e assim como eles não conheceram o momento do dilúvio, senão quando este sobreveio e arrebatou toda a gente, assim também será no advento do Filho do Homem. (São Mateus, capítulo XXIV, vv. 37 a 39.)


51. — Quanto a esse dia e a essa hora ninguém o sabe, nem os anjos que estão no Céu, nem o Filho, mas somente o Pai. (São Marcos, capítulo XIII, v. 32.)


52. — Em verdade, em verdade vos digo: chorareis e gemereis, e o mundo se rejubilará; estareis em tristeza, mas a vossa tristeza se mudará em alegria. Uma mulher, quando dá à luz, está em dor, porque é vinda a sua hora; mas depois que ela dá à luz um filho, não mais se lembra de todos os males que sofreu, pela alegria que experimenta de haver posto no mundo um homem. É assim que agora estais em tristeza; mas, eu vos verei de novo e o vosso coração rejubilará e ninguém vos arrebatará a vossa alegria. (São João, capítulo XVI, vv. 20 a 22.)


53. — Levantar-se-ão muitos falsos profetas que seduzirão a muitas pessoas; e, porque abundará a iniquidade, a caridade de muitos esfriará; mas, aquele que perseverar até o fim será salvo. E este Evangelho do reino será pregado em toda a Terra, para servir de testemunho a todas as nações. E então que o fim chegará. (São Mateus, capítulo XXIV, vv. 11 a 14.)


54. — É evidentemente alegórico este quadro do fim dos tempos, como a maioria dos que Jesus compunha. 2 Pelo seu vigor, as imagens que ele encerra são de natureza a impressionar inteligências ainda rudes. 3 Para tocar fortemente aquelas imaginações pouco sutis, eram necessárias pinturas vigorosas, de cores bem acentuadas. 4 Jesus se dirigia principalmente ao povo, aos homens menos esclarecidos, incapazes de compreender as abstrações metafísicas e de apanhar a delicadeza das formas. 5 A fim de atingir o coração, fazia-se-lhe mister falar aos olhos, com o auxílio de sinais materiais, e aos ouvidos, por meio da força da linguagem.

6 Como consequência natural daquela disposição de espírito, à suprema potestade, segundo a crença de então, não era possível manifestar-se, a não ser por meio de fatos extraordinários, sobrenaturais; quanto mais impossíveis fossem esses fatos, tanto mais facilmente aceita era a probabilidade deles.

7 O Filho do Homem, a vir sobre nuvens, com grande majestade, cercado de seus anjos e ao som de trombetas, lhes parecia de muito maior imponência, do que a simples vinda de uma entidade investida apenas de poder moral. 8 Por isso mesmo, os judeus, que esperavam no Messias um rei terreno, mais poderoso do que todos os outros reis, destinado a colocar-lhes a nação à frente de todas as demais e a reerguer o trono de David e de Salomão, não quiseram reconhecê-lo no humilde filho de um carpinteiro, sem autoridade material.

9 No entanto, aquele pobre proletário da Judeia se tornou o maior entre os grandes; conquistou para a sua soberania maior número de reinos, do que os mais poderosos potentados; 10 exclusivamente com a sua palavra e o concurso de alguns miseráveis pescadores, revolucionou o mundo e a ele é que os judeus, virão a dever sua reabilitação. 11 Disse, pois, uma verdade, quando, respondendo a esta pergunta de Pilatos:  ( † ) “És rei?” respondeu: “Tu o dizes.”


55. — É de notar-se que, entre os antigos, os tremores de terra e o obscurecimento do Sol eram acessórios forçados de todos os acontecimentos; e de todos os presságios sinistros; com eles deparamos, por ocasião da morte de Jesus, da de César e num sem-número de outras circunstâncias da história do paganismo. 2 Se tais fenômenos se houvessem produzido tão amiudadas vezes quantas são relatados, fora de ter-se por impossível que os homens não houvessem guardado deles lembrança pela tradição. 3 Aqui, acrescenta-se a queda das estrelas do céu, como que a mostrar às gerações futuras, mais esclarecidas, que não há nisso senão uma ficção, pois que agora se sabe que as estrelas não podem cair.


56. — Entretanto, sob essas alegorias, grandes verdades se ocultam. 2 Há, primeiramente, a predição das calamidades de todo gênero que assolarão e dizimarão a Humanidade, calamidades decorrentes da luta suprema entre o bem e o mal, entre a fé e a incredulidade, entre as ideias progressistas e as ideias retrógradas. 3 Há, em segundo lugar, a da difusão, por toda a Terra, do Evangelho restaurado na sua pureza primitiva; 4 depois, a do reinado do bem, que será o da paz e da fraternidade universais, a derivar do código de moral evangélica, posto em prática por todos os povos. 5 Será, verdadeiramente, o reino de Jesus, pois que ele presidirá à sua implantação, passando os homens a viver sob a égide da sua lei; 6 será o reinado da felicidade, porquanto diz ele  ( † ) que, “depois dos dias de aflição, virão os de alegria.”


57. — Quando sucederão tais coisas? “Ninguém o sabe, diz Jesus, nem mesmo o Filho”; 2 mas, quando chegar o momento, os homens serão advertidos por meio de sinais precursores. 3 Esses indícios, porém, não estarão nem no Sol, nem nas estrelas; mostrar-se-ão no estado social e nos fenômenos mais de ordem moral do que físicos e que, em parte, se podem deduzir das suas alusões.

4 É indubitável que aquela mutação não poderia operar-se em vida dos apóstolos, pois, do contrário, Jesus não lhe desconheceria o momento; aliás, semelhante transformação não era possível se desse dentro de apenas alguns anos. 5 Contudo, dela lhes fala como se eles a houvessem de presenciar; é que, com efeito, eles poderão estar reencarnados quando a transformação se der e, até, colaborar na sua efetivação. 6 Ele ora fala da sorte próxima de Jerusalém, ora toma esse fato por ponto de referência ao que ocorreria no futuro.


58. — Será que, predizendo a sua segunda vinda, era o fim do mundo o que Jesus anunciava, dizendo:  ( † ) Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim?

2 Não é racional se suponha que Deus destrua o mundo precisamente quando ele entre no caminho do progresso moral, pela prática dos ensinos evangélicos; nada, aliás, nas palavras do Cristo, indica uma destruição universal que, em tais condições, não se justificaria.

3 Devendo a prática geral do Evangelho determinar grande melhora no estado moral dos homens, ela, por isso mesmo, trará o reinado do bem e acarretará a queda do mal. 4 É, pois, o fim do mundo velho, do mundo governado pelos preconceitos, pelo orgulho, pelo egoísmo, pelo fanatismo, pela incredulidade, pela cupidez, por todas as paixões pecaminosas, que o Cristo aludia, ao dizer:  ( † ) “Quando o Evangelho for pregado por toda a Terra, então é que virá o fim”: 5 esse fim, porém, para chegar, ocasionaria uma luta e é dessa luta que advirão os males por ele previstos.



[1] Esta expressão: a abominação da desolação não só carece de sentido, como se presta ao ridículo. A tradução de Osterwald diz: “A abominação que causa a desolação,” o que é muito diferente. O sentido então se torna perfeitamente claro, porquanto se compreende que as abominações hajam de acarretar a desolação, como castigo. Quando a abominação, diz Jesus, se instalar no lugar santo, também a desolação para aí virá e isso constituirá um sinal de que estão próximos os tempos.


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